Filme do Dia: 12 Anos de Escravidão (2013), Steve McQueen
12 Anos de Escravidão (12 Years of Slave, EUA-Reino Unido, 2013). Direcao: Steve McQueen. Rot. Adaptado: John Ridley, a partir do romance homonimo de Solomon Northup. Fotografia: Sean Bobbitt. Música: Hans Zimmer. Montagem: Joe Walker. Dir. de arte: Adam Stockhousen & David Stein. Cenografia: Alice Baker. Figurinos: Patricia Norris. Com: Chiwetel Ejiofor, Lupita Nyong´o, Michael Fassbender, Sarah Paulson, Brad Pitt, Adepero Oduye, Marc Macauley, Paul Giamatti, Benedict Cumberbatch, Andy Dylan, Bryan Batt.
Nos anos que antecedem a Guerra Civil, Solomon Northup (Ejiofor), homem livre que vive em Washington com sua família é atraído para uma armadilha, sendo levado a um estado escravagista do Sul, onde inicialmente se torna escravo do esclarecido Ford (Cumberbatch), mas ao se involver em um episódio com seu bruto capataz, tomando-lhe o chicote e o açoitando, é vendido por Ford, mesmo a contragosto e para evitar revides contra si próprio e sua família para o truculento Edwin (Epps). Vivendo uma vida de constantes castigos, Solomon torna-se próximo de Patsey (Nyong´o), escrava que consegue produzir a maior quantidade de algodão colhido, além de ser amante de Edwin, sofrendo constantes revides de sua esposa (Paulson). Confiando em um homem livre que se mostrara amistoso e disposto a entregar sua carta com o intuito de revelar a injustiça, Solomon é traído por este, que revela tudo a Edwin que, por sua vez, esmera-se em castiga-lo. No décimo segundo ano de seu sofrimento, Solomon efetua um trabalho juntamente com o canadense de ideias liberais, Bass (Pitt) que, comovido com sua incrível saga, cumpre com a promessa de avisar ao Juiz Turner (Batt), que vai até a fazenda de Edwin, libertando-o. 12 anos após, Solomon, conhecido até então com seu nome de escravo, tem um reencontro emocionado com sua família.
Distante de projetos mais pessoais (como Shame), McQueen se torna vítima de, por um lado, produções de alto custo e tudo o que se encontra aí embutido (sobretudo a problemática trilha de Zimmer, quase sempre a postos nos momentos de maior tensão ou emoção) e, por outro, adaptações literárias que se sentem motivadas a serem o mais possível fiéis ao livro que adaptam, incluindo diversas situações e personagens talvez dispensáveis. Com elenco vasto e desigual, com muitos atores que talvez não consigam esconder que seriam mais verossímeis encarnando algum personagem contemporâneo de McQueen, o filme tampouco demonstra a criatividade visual sutil que permeia a obra mais autoral do realizador. Assim como sua visão de um preconceito com relação ao negro como circunscrita ao Sul, soa um tanto estranha, sendo a aceitação de Northurp em todos os ambientes sociais que frequenta tida como certa. Por outro lado, essa situação de excepcionalidade de Solomon menos favorece que o oposto quando se pensa as ignomínias praticadas contra os escravos - pois o que o filme ressalta, a todo o momento, é a situação injusta, inclusive em relação ao momento em que se passa a história, de seu personagem principal. Menos canhestro, é fato, que o Amistad, de Spielberg, nem por isso o filme se arvora numa obra-prima sobre a escravidão norte-americana. Longe disso. De fato, como em outras grandes produções a respeito de temas históricos, parece ainda mais engessado por ausência de qualquer contraposição ao drama, drama esse já bastante codificado em termos da moral de seus personagens, para soar verdadeiro e plenamente interessante. Natioanal Film Registry em 2023. Regency Ent.-River Road Ent.-Plan B Ent.-New Regency Pictures-Film 4 para 20th Century Fox Film Corp. 134 minutos.
Postado originalmente em 29/11/2014
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