Filme do Dia: Ratos Humanos (1955), Phil Karlson

 


Ratos Humanos (Tight Spot, EUA, 1955). Direção: Phil Karlson. Rot. Adaptado: William Bowers, a partir da peça de Leonard Kantor. Fotografia: Burnett Guffrey. Música: George Duning. Montagem: Viola Lawrence. Dir. de arte: Carl Anderson. Cenografia: Louis Diage. Figurinos: Jean Louis. Com: Ginger Rogers, Edward G.Robinson, Brian Keith, Lorna Greene, Katherine Anderson, Allen Nourse, Peter Leeds, Lucy Marlow.

Sherry Conley (Rogers) é levada da prisão a um hotel, onde ficará sob custódia da polícia, sob o comando de Lloyd Hallett (Robinson), que quer que Sherry testemunhe contra um poderoso mafioso. Ela fica sob a guarda pessoal da Sra. Willoughby (Anderson) e do policial aparentemente durão Vince Striker (Keith). Ela inicia um jogo de sedução com Vince e esse não oferecer maiores resistências, mesmo sendo casado. O mafioso consegue articular um ousado atentado no hotel que fere de raspão Sherry, o que a deixa ainda mais resistente a testemunhar na segunda que segue o final de semana em que se encontram, contra o mafioso.

Evidente veículo para uma Rogers já outonal em relação ao pique de sua carreira, associado ao gênero musical, assim como um Robinson que pretende manter sob ferro e fogo o prestígio conseguido nas duas últimas décadas após seu nome ter sido vinculado entre os simpatizantes comunistas pelo Comitê de Atividades Anti-Americanas. O resultado é modesto e demasiado dependente dos diálogos um tanto teatrais travados entre Sherry e o óbvio durão de coração mole Vince – ou seria somente um talento profissional fingir ser “fisgado” por ela, em se tratando do noir; dúvida que, evidentemente, o filme carregará consigo até próximo do final. Porém mesmo modesto, o filme consegue extrair certo charme de suas limitações. E Rogers talvez seja o que ele possui de melhor, mesmo alguns tons acima do necessário, indo de uma mulher máscula e impositiva na prisão à mulher fatal que desfila seu sex appeal de forma ostensiva, apresentando um bom retrato da construção de identidade feminina de acordo com a comodidade e mesmo instinto de sobrevivência – algo que Buñuel já articulara de forma mais descaradamente explícita e caricata em seu Susana. Sua compressão de espaço e tempo, que cabe bem em uma peça teatral, como a que lhe deu origem, não parece ter sido exatamente explorada a contento nessa produção, inclusive – e sobretudo – com a utilização de um tolo programa-maratona de TV a servir como marcador do ritmo.  Columbia Pictures Corp. 97 minutos.

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