Filme do Dia: A Baía dos Anjos (1963), Jacques Demy

 


A Baía dos Anjos (La Baie des Anges, França, 1963). Direção e Rot. Original: Jacques Demy. Fotografia: Jean Rabier. Música: Michel Legrand. Montagem: Anne-Marie Cotret. Dir. de arte: Bernard Evein. Figurinos: Bernard Evein & Pierre Cardin. Com: Jeanne Moreau, Claude Mann, Paul Guers, Henri Nassiet, André Certes, Nicole Chollet. Georges Alban, Conchita Parodi.

Jean Fournier (Mann) é um jovem que procura se afastar do modelo representado pelo pai (Nassiet) e seu estilo de vida honesto, porém a seu ver  medíocre que, influenciado pelo amigo Caron (Guers), decide abandonar tudo e viajar para jogar em cassinos da costa francesa, sendo expulso de casa pelo pai. Ele acaba conhecendo Jack Demaistre (Moreau), por quem se torna fascinado e tão obcecado por ela quanto ela é pelo jogo. Após uma noitada de sorte na Baía dos Anjos, Jack convida Jean para ir a Monte Carlo. A dupla obsessão do casal fará com que ganhem e percam fortunas em questão de horas.

Demy, em seu segundo longa-metragem, apresenta de forma mais que explícita os desacertos amorosos das relações entre casais, muitas vezes apenas sutilmente representados em filmes de cunho mais romântico como Os Guarda-Chuvas do Amor. Embora tanto as locações como a música sugiram um filme de amor tão convencional como os do contemporâneo Claude Lelouch, seu belo e fluido estilo visual de longos travellings e o desenrolar da trama demonstram o oposto: a impossibilidade de uma relação afetiva por parte da dupla de protagonistas, condenados por suas obsessões pessoais. Distante das mudanças radicais que proporcionam os pilares dos melodramas, Demy acompanha com a mesma obsessão e rigor psicanalítico seus obcecados personagens e o resultado, mesmo que inferior a alguns de seus melhores filmes, é plenamente maduro e sem concessões nesse retrato de amour fou digno de O Anjo Azul (1930), de Sternberg ou de Eva, personagem igualmente amoral vivido pela mesma Moreau no ano anterior. Filmado em tela panorâmica e magistral fotografia p&b, como a estréia do cineasta, embora sem a iluminação tão esplendorosamente estourada de Coutard. Sud-Pacifique Films. 79 minutos.

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