Filme do Dia: Entre o Amor e a Morte (1950), Michael Gordon
Entre o Amor e a
Morte (Woman in Hiding, EUA, 1950).
Direção: Michael Gordon. Rot. Adaptado: Roy Huggins & Oscar Saul, baseado
no romance Fugitive from Terror, de
James Webb. Fotografia: William H. Daniels. Música: Frank Skinner. Montagem:
Milton Carruth. Dir. de arte: Robert Clatworth & Bernard Herzbrun.
Cenografia: Russell A.Gaussman &
Ruby R. Levitt. Figurinos: Orry-Kelly. Com: Ida Lupino, Stpehen McNally,
Howard Duff, Peggy Dow, John Litel, Taylor Holmes, Irving Bacon.
Filha de um
dono de fábrica, Deborah Chandler (Lupino) é apaixonada há muitos anos por um
dos funcionários da mesma, Selden Clark (McNally), embora resista a seus
impulsos e o pai, John (Litel), desaprove Selden como oportunista. Selden assassina
John e casa-se com Deborah. No primeiro dia de casados, no entanto, Deborah
encontra Patricia (Dow), amante de Selden, que afirma que ele matou seu pai.
Fugindo de Selden, Deborah é vítima de uma falha mecânica no automóvel que
guia, planejada pelo marido, porém escapa. Vivendo como refugiada, recebe
apoio de Keith Ramsey (Duff), interessado no dinheiro da recompensa. Após fugir
de uma nova tentativa de assassinato por parte do marido, é guiada por
Keith para Selden, que a pretende interna-la em um manicômio, porém novamente
consegue fugir. Busca então a ajuda de Patricia, que a leva para um último
encontro com Selden. Keith percebe que Deborah falava a verdade.
Esse drama noir que, possui um prólogo enganoso que
sugere uma narrativa pós-morte celebrizada no mesmo ano no clássico Crepúsculo dos Deuses, está repleto das
influências da produção cinematográfica anterior, seja do expressionismo alemão
(de quem compartilha tanto o conteúdo paranoico, alucinatório e hiper-realista
quanto os jogos de luzes e sombras, que também são característicos do estilo noir),
seja do melodrama griffithneano (com situações típicas em que a mocinha se vê
em situação de perigo eminente em ambientes fechados). Também é curioso
perceber que a interpretação de Lupino, mesmo descontada a suavização
crescente, parece tributária tanto do modelo de Griffith quanto do
expressionismo, demonstrando ser um pouco mais over que a habitual nos filmes da época. Um de seus grandes trunfos
é justamente a relação entre Deborah e Selden, de um hiper-realismo, que embora
embebido pelo naturalismo costumeiro da produção americana standard, se aproxima da escola alemã, ainda que sensivelmente
prejudicado pela canastrice do vilão. Mesmo imbuído do cinismo habitual do
universo noir, o herói passa por um
processo de depuração que o leva ao sincero amor pela heroína, ainda que não
seja difícil imaginar, numa mais verossímil continuidade do caráter do
personagem, menos interessado nos 5 mil
dólares de recompensa que na própria fortuna de sua amada que,
psicanaliticamente, apenas reproduziria o mesmo modelo, em forma um pouco mais
atenuada, da relação anterior. Universal. 92 minutos.
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