Filme do Dia: Entre o Amor e a Morte (1950), Michael Gordon


Entre o Amor e a Morte - 22 de Fevereiro de 1950 | Filmow
Entre o Amor e a Morte (Woman in Hiding, EUA, 1950). Direção: Michael Gordon. Rot. Adaptado: Roy Huggins & Oscar Saul, baseado no romance Fugitive from Terror, de James Webb. Fotografia: William H. Daniels. Música: Frank Skinner. Montagem: Milton Carruth. Dir. de arte: Robert Clatworth & Bernard Herzbrun. Cenografia: Russell A.Gaussman &  Ruby R. Levitt. Figurinos: Orry-Kelly. Com: Ida Lupino, Stpehen McNally, Howard Duff, Peggy Dow, John Litel, Taylor Holmes, Irving Bacon.
Filha de um dono de fábrica, Deborah Chandler (Lupino) é apaixonada há muitos anos por um dos funcionários da mesma, Selden Clark (McNally), embora resista a seus impulsos e o pai, John (Litel), desaprove Selden como oportunista. Selden assassina John e casa-se com Deborah. No primeiro dia de casados, no entanto, Deborah encontra Patricia (Dow), amante de Selden, que afirma que ele matou seu pai. Fugindo de Selden, Deborah é vítima de uma falha mecânica no automóvel que guia, planejada pelo marido, porém escapa. Vivendo como refugiada,  recebe apoio de Keith Ramsey (Duff), interessado no dinheiro da recompensa. Após fugir de uma nova tentativa de assassinato por parte do marido, é guiada por Keith para Selden, que a pretende interna-la em um manicômio, porém novamente consegue fugir. Busca então a ajuda de Patricia, que a leva para um último encontro com Selden. Keith percebe que Deborah falava a verdade.
Esse drama noir que, possui um prólogo enganoso que sugere uma narrativa pós-morte celebrizada no mesmo ano no clássico Crepúsculo dos Deuses, está repleto das influências da produção cinematográfica anterior, seja do expressionismo alemão (de quem compartilha tanto o conteúdo paranoico, alucinatório e hiper-realista quanto os jogos de luzes e sombras, que também são característicos do estilo noir), seja do melodrama griffithneano (com situações típicas em que a mocinha se vê em situação de perigo eminente em ambientes fechados). Também é curioso perceber que a interpretação de Lupino, mesmo descontada a suavização crescente, parece tributária tanto do modelo de Griffith quanto do expressionismo, demonstrando ser um pouco mais over que a habitual nos filmes da época. Um de seus grandes trunfos é justamente a relação entre Deborah e Selden, de um hiper-realismo, que embora embebido pelo naturalismo costumeiro da produção americana standard, se aproxima da escola alemã, ainda que sensivelmente prejudicado pela canastrice do vilão. Mesmo imbuído do cinismo habitual do universo noir, o herói passa por um processo de depuração que o leva ao sincero amor pela heroína, ainda que não seja difícil imaginar, numa mais verossímil continuidade do caráter do personagem,  menos interessado nos 5 mil dólares de recompensa que na própria fortuna de sua amada que, psicanaliticamente, apenas reproduziria o mesmo modelo, em forma um pouco mais atenuada, da relação anterior. Universal. 92 minutos.

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