Filme do Dia: Dora, Doralina (1982), Perry Salles

Dora, Doralina (Brasil, 1982). Direção: Perry Salles. Rot. Adaptado: Perry Salles & Miguel Pereira, baseado no romance de Rachel de Queiroz. Fotografia: Edson Santos. Música: José Siqueira. Montagem: Manfredo Caldas. Cenografia e figurinos: Paulo Chada & Arthur Maia. Com:  Vera Fischer, Perry SaIles, Cleyde Yáconis, Jofre Soares, Jorge Cherques, Fregolente, Julia Miranda, Otávio Augusto, Etty Frazer, Gracinda Freire, Minam Mehler, Sonia Oiticica, Chico Martins, Marcos Toledo, Lutero Luiz, Rafael de Carvalho, Isolda Cresta e Eduardo Tornaghi.
              Meados da década de 1930, na fazenda Soledade, interior cearense, o sobrevivente do Caldeirão de Santa Cruz do Deserto, Delmiro (Soares), recebe acolhida de Dora (Fischer), mesmo contra a vontade de sua mãe, conhecida por todos como Senhora (Yáconis). O marido de Dora, Laurindo (Augusto), de personalidade frágil, aceita todas as indicações de Senhora, que também domina todos os agricultores da fazenda, desde a morte de seu marido. Dora descobre que Laurindo a trai com a própria mãe e manda matá-lo. Parte no dia seguinte para a casa de uma tia, onde conhece e se une a uma trupe de teatro mambenbe, liderada por Brandini. Dora faz amizade com todos, especialmente Charrel, que utiliza o grupo como forma de constante fuga da repressão do Estado Novo. Dora apaixona-se pelo comandante de um barco (Salles) que navega pelo São Francisco. Charrel desaparece e o Comandante é preso no Rio. Porém continua nas suas atividades de contrabando, até ser ferido e posteriomente morto. Tendo já perdido anteriormente a filha, Dora retorna a fazenda Soledade.
O filme de Salles consegue manter-se uma boa e clássica adaptação no trecho que corresponde a primeira parte do livro – O Livro da Senhora – conseguindo desenvolver relativamente bem a trama de paixão e ódio, sem apelar para o melodrama. Porém, a partir do momento que envereda pelas aventuras de Dora fora da fazenda, perde-se nas excessivas minúcias do enredo do romance, tornando-se cansativo e com poucas qualidades cinematográficas, sendo suas óbvias referências a própria ditadura militar que se acabava e a prática de tortura, retratadas no ambiente do Estado Novo, uma referência comum à época. Apesar de tudo, em seus melhores momentos consegue construir uma atmosfera peculiar. Também utiliza-se de imagens documentais para ilustrar a repressão no período Vargas e de um flashback, próximo ao final, em que a protagonista relembra as preocupações humanistas do pai. Labirinto Filmes/Embrafilme. 96 minutos.

Postado originalmente  em 10/05/2014

Comentários

  1. não sei, amigo. faz tempo que vi esse filme e escrevi a resenha. acho que foi no cinema, em uma homenagem a Rachel ou ao Perry Salles.

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