Filme do Dia: As Coisas Simples da Vida (2000), Edward Yang


As Coisas Simples da Vida - 26 de Janeiro de 2001 | Filmow
As Coisas Simples da Vida (Yi Yi, Taiwan/Japão, 2000). Direção e Rot. Original: Edward Yang. Fotografia: Wei-ham Yang. Música: Kai-Li Peng. Montagem:  Bo-Wen Chen. Dir. de arte: Peng. Com: Nien-Jen Wu, Elaine Jin, Issei Ogata, Kelly Lee, Jonathan Chang, Hsi-Scheng Chen, Su-Yua Ko, Shu-shen Hsiao.
Na família Ling, N.J (Wu), empresário, encontra dificuldades no trabalho e o reencontro com seu primeiro amor, Sherry (Ko), hoje casada com um sino-americano e morando em Chicago. Sua mãe sofre um derrame. A irmã acredita que sua vida é completamente vazia. A filha, Min-Min (Jin), apaixona-se por um rapaz, conhecido como Gorducho, que a despreza, cometendo um assassinato. Já o filho caçula, Yang-Yang (Chang), vive as descobertas de um mundo filtrado por uma visão bem peculiar.
Enredando-se sem pressa por subenredos que envolvem vizinhos e familiares próximos da família Ling, Yang consegue esboçar um domínio dos códigos naturalistas, criando   um certo senso de estranhamento que remonta às melhores obras de Altman, ainda que aqui sejam menos personagens e se busque uma maior aproximação psicológica dos mesmos, conseguindo igualmente maior autenticidade na expressão de seus sentimentos. A definição do cinema buscado por Yang parece ser expressa nas palavras do jovem namorado de Min-Min, quando afirma que o cinema retrata as alegrias e tristezas da vida, ainda que a própria Min-Min retruque, que assim seria melhor seguir somente com a própria vida que ir ao cinema, numa alusão bem humorada a contraposição entre um cinema de cunho mais reflexivo e autoral de um lado e um cinema de entretenimento de outro. Yang adora retratar seus personagens através das janelas dos prédios em que residem ou trabalham, onde ao mesmo tempo se reflete as luzes dos veículos e o movimento intenso das metrópoles Taipei e Tóquio. A certo momento, Yang traça um explícito paralelo entre as relações de um pai inseguro com o reencontro de seu primeiro amor e de uma filha igualmente insegura com o primeiro relacionamento com um rapaz, inclusive repetindo algumas das situações vividas pelos mais velhos. É notório o seu distanciamento de elementos dramáticos desnecessários e mesmo quando alguns acontecimentos mais intensos ocorrem, tais como a morte da matriarca, a tentativa de suicídio do sócio-irmão de N.J. e o assassinato, esses são apreciados de maneira distanciada e, por vezes, irônica. Há uma evidente alusão ao sofrimento imposto a um pai e filha românticos, honestos e excessivamente idealistas em seu contato com a fria lógica dos negócios e as demandas afetivas-sexuais dos indivíduos com os quais se envolvem, demonstrando o contínuo interesse do cineasta por problematizar as relações entre indivíduos e seus embates com a sociedade mais ampla – representados, inclusive, pela parte cômica da narrativa, na figura de Yang-Yang, habitual vítima de um grupo de meninas mais velhas. Também é comum ao seu estilo visual, planos abertos, que apresentam os personagens constantemente em interação com o seu entorno.Prêmio de direção em Cannes.  AtomFilms/Nemuru Otoko Seisaku Iinkai/Omega Project/PonyEnt.173 minutos.


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