Filme do Dia: Father and Son (1912), ?
Father and Son (EUA, 1912). Com: Earle Williams, Kenneth Casey, Eagle
Eye, Tefft Johnson, Anne Schaefer, Zena Keefe, William Shea, Kate Price.
Sing Lee (Eye), oriental que trabalha numa
lavanderia, certo dia é surpreenddo pela
chegada de uma mulher agonizante com um bebê. A mulher morre pouco após
e Lee passa a cuidar da criança, Jack (Casey), que estima como filho. Ainda
criança o vínculo dos dois é ameaçado após agentes do Estado receberem denúncia
que uma criança branca vive na casa de um oriental. Jack é levado ao
reformatório, porém consegue fugir. Ao voltar para casa,um melancólico Lee
sente sua ausência e é surpreendido pelo retorno. O caso vai a tribunal e o
juiz dá ganho de causa para Lee (Shea) ao perceber a união dos dois. Vinte anos se passam. Jack agora é um
promissor advogado e pretende se casar. Sing Lee pretende devolver uma faca que
um desconhecido deixa cair na rua e vai atrás dele. A polícia o captura com a
faca na mão. Ele vai a julgamento e seu filho é seu advogado de defesa. O juiz
é o mesmo de vinte anos atrás, reconhecendo-os e mais uma vez dando ganho de
causa a Sing Lee.
Típico melodrama com clichês recorrentes como o
do pai e filho cujo amor mútuo sofre obstáculos de uma sociedade hipócrita e
racista por não uma, mas duas vezes – e, é logico, que da segunda vez já
sabemos quem o defenderá, outro clichê muito recorrente ao gênero (basta
lembrar, dentre vários outros, o brasileiro A Filha do Advogado). O que mais chama a atenção de quem o assiste
mais de um século após, no entanto, é a ausência talvez ainda maior que outros
filmes da época das intenções do protagonista como sendo um vínculo para que se
desencadeie a narrativa, através da adoção do princípio da causalidade. Aqui,
ao contrário, é como se observássemos três segmentos isolados da vida dos dois
personagens, dos quais mesmo o primeiro e o segundo possuindo relações próximas
(adoção improvisada e espontânea e fiscalização por parte dos serviços sociais)
a produção não os articula de forma coerente, ao menos na cópia que sobreviveu,
o que é não pouco provável que seja bastante próxima da de seu lançamento dado
a sua extensão. Assim, já se passa um tanto abruptamente para a cena na corte,
que propiciará um personagem fundamental para o desfecho do caso, o juiz (e
sempre, desnecessário afirmar, através de uma percepção sentimental do que
observa: é assim que percebe o gesto de amor entre os dois que sela sua
sentença, assim como é a lembrança dessa situação do passado, evocada
provavelmente pela demonstração contemporânea de afeto, que fundamentará sua
decisão futura) ainda que o episódio seja completamente desvinculado de tudo o
que foi assistido até então. Se é verdade que a inexistência de relações
causais o torne bastante distante da narrativa clássica, por outro lado, ao
menos sob esse aspecto, aproxima-se mais da própria vida. O indígena Eagle Eye
protagonizava todos os papéis “étnicos”, do oriental de bom coração ao ladrão
de cavalos mexicano (A Bit of Blue Ribbon) passando pelos indígenas do
estúdio. Destaque para o papel um tanto marginal da moça que Jack pretende se
unir, observada em seus modos um tanto infantis aproximada da câmera, para que
possamos flagrar suas expressões a traduzir emoções, curiosamente pouco
interessada em observar,e sim mais ouvir, o que seu amado tem a falar com seus
pais e a quem o próprio narrador não dispensa senão um genérico “sweetheart” ou
“noiva” mais que um nome próprio. E também para o clichê da representação do
oriental, em trajes típicos, fazendo uso de sua longa trança e sendo
proprietário de uma lavanderia mesmo que, ao positiva-lo, apresente um pouco
mais dele (a saudade do filho) que os estereótipos em seu tipo mais puro. Vitagraph Co. of America. 13 minutos e 40
segundos.
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