Filme do Dia: Uma Viagem com Martin Scorsese pelo Cinema Americano - Parte 1 (1995), Martin Scorsese & Michael Henry Wilson
Uma Viagem com Martin Scorsese pelo Cinema Americano com Martin Scorsese – Parte 1 (A Personal Journey with Martin Scorsese
Through American Cinema, EUA, 1995). Direção e Rot. Original: Martin
Scorsese & Michael Henry Wilson. Fotografia: Jean-Yves Escoffier, Frances
Reid & Nancy Schreiber. Música: Elmer Bernstein. Montagem: Kenneth Levis
& David Lindblom.
Nesse
primeiro episódio, Scorsese passeia pelos gêneros do cinema clássico, iniciando
antes com referências a um livro que era o único que tinha acesso as fotos dos
filmes e que pertencia a Biblioteca Pública de Nova York, e não deixa de ser
curiosa a forma algo desconcertada com que admite que acabou arrancando algumas
páginas do mesmo. A influência – talvez excessiva – de produtores como David O.
Selznick em produções conscientemente monumentais como o western Duelo ao Sol (1946) –, que fez com que
King Vidor abandonasse o projeto e fosse substituído por William Dieterle. A
marca registrada de cada estúdio. Destaca igualmente filmes e cineastas pouco lembrados
no momento da produção do documentário em questão: O Segredo da Casa Vermelha (1947), O Beijo Amargo (1964), Cilada
Mortífera (1958), Cidade do Vício (1955), Allan Dwan, Budd Boetticher, Samuel Füller, Phil Karlson, Ida Lupino, Delmer Daves,
Andre de Toth, Joseph H. Lewis, Irving Lerner. É interessante o equilíbrio
entre a paixão pessoal (Scorsese admite ao início da jornada que não conseguirá
falar senão de filmes que o tocaram, ainda que posteriormente entre em
contradição pois apresente justamente esse como sendo o motivo para que não
aborde os realizadores de sua geração em diante, o que de fato faz, ainda que
de forma com bem menor destaque) e a dimensão contextual e histórica. Por
exemplo, Duelo ao Sol é citado não
apenas como o acima referido exemplo de um “cinema de produtor” que pretendia
superar seu maior êxito, ...E O Vento Levou (1939), como igualmente algo como um “filme de fundação” para a
cinefilia do jovem garoto de 4 anos, que fechou os olhos durante a cena mais
violenta do final. Ou ainda partir da pendenga entre Vidor e Selznick, para
apontar a flexibilidade do primeiro de se dividir entre projetos de maior compromisso
com os estúdios e outros mais pessoais e mesmo experimentais como A Turba (1928). Ao se direcionar para
os gêneros clássicos da Hollywood da época de ouro dos estúdios – cujo estilo
próprio de cada vem a ser lembrado por veteranos como Gregory Peck ou Billy Wilder – vem talvez o momento mais
precioso do documentário. De todos, de longe o que ganha mais vida no documentário
vem ser justamente o que sofre mais preconceito, sobretudo nos dias em que veio
a ser produzido, o musical. Scorsese demonstra, sem se referir explicitamente a
isso, o quão injusta é a acusação de identificar sem limites tal gênero ao
escapismo, apresentando alguns dos primeiros musicais de Busby Berkeley com
números musicais que mais parecem saídos do repertório de um filme de gangster
contemporâneo, como discussão entre casais e assassinato. E a revolução trazida
por Vincente Minnelli com seu Agora
Seremos Felizes (1944), onde se abandona o tradicional cenários dos
bastidores de uma produção musical, que dava uma inserção “realista” aos
números musicais por sua incorporação na dimensão dramática do filme, com Judy
Garland passando a cantar do nada. Do auge do gênero, Scorsese se afasta da
referência mais óbvia de Cantando na
Chuva para destacar uma sequencia de A
Roda da Fortuna (1953), novamente de Minnelli, em que o número coreografado
se faz em cima dos códigos do cinema noir.
Produzido para a TV. BFI/Miramax Films.
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