Filme do Dia: Como Agarrar um Milionário (1953), Jean Negulesco


How to Marry a Millionaire – Wikipédia, a enciclopédia livre
Como Agarrar um Milionário (How to Marry a Millionaire, EUA, 1953). Direção: Jean Negulesco. Rot. Adaptado: Nunally Johnson, a partir de peças de Zoe Akins, Dale Euson & Katherine Alberts. Fotografia: Joseph MacDonald. Música: Cyril J. Mockridge. Montagem: Louis R. Loeffler. Dir. de arte: Leland Fueller & Lyle R. Wheeler. Cenografia: Stuar A. Reiss & Walter M. Scott. Figurinos: Travilla. Com: Betty Grable, Lauren Bacall, Marilyn Monroe, David Wayne, Rory Calhoun, Cameron Mitchell, Alexander d’Arcy, Fred Clark, William Powell.
Três casadoiras passam a morar juntas em apartamento de luxo alugado por uma delas em área nobre de Nova York, Schatze (Bacall). Tanto ela, como Loco (Grable) e Pola (Monroe) sonham em casar com homens ricos. Schatze se enamora do ricaço J.D. Hanley (Powell), mas se sente atraída mesmo é pelo “pobretão” Tom Brookman (Mitchell). Loco viaja com um homem casado (e rico) ao Maine, mas se descobre apaixonada mesmo é pelo guarda florestal que faz às vezes de motorista ao ricaço, Eben Salem (Calhoun). Já Pola se engraça com o próprio dono do apartamento do qual Schatze ocasionalmente se desfaz dos móveis para pagar as contas, Freddie Denmark (Wayne).
Inicia com uma inusitada peça musical que parece derivativa de alguns temas da já então clássica Rhapsody in Blue de sua própria trilha sonora sendo apresentada pela orquestra do estúdio e se prolongando por mais de cinco minutos de filme, antes que os créditos surjam, e são  uma exibição da primeira trilha gravada em som estereofônico – trata-se também do primeiro filme rodado em processo Cinemascope, ainda que lançado após O Manto Sagrado. Destaque para a referência “aos diamantes serem os melhores amigos de uma garota” da canção e de uma das cenas mais icônicas de Monroe, de seu filme imediatamente anterior, Os Homens Preferem as Louras, logo quando sua Pola adentra em trajes de banho o desfile particular para um milionário.  Outra private joke sai dos lábios de Bacall quando enumera ao seu pretendente bem mais velho uma pequena lista de homens de mais idade que admira e se refere aquele “velho chapa” de Uma Aventura na África, que vinha a ser ninguém menos que Humphrey Bogart, com quem se encontrava casada e que também tinham uma grande diferença de idade. E, completando a tríade de referências pessoais ou profissionais, Grable afirma saber que a música que toca no rádio é executada por Henry James, com quem era casada então, embora o locutor posteriormente a desminta. Ainda que Grable tivesse já no outono de seu estrelato – participaria de somente mais dois filmes – tem protagonismo, em termos de presença na tela e desenvolvimento de seu imbróglio que estrelas mais recentes como Bacall e, sobretudo, supernovas como Monroe. A forma demasiado prática com que Bacall se entrega aos braços do homem  mais velho apenas para trazer de volta os móveis de seu apartamento podem soar quase como uma caricatura misógina do interesse feminino ou, por outra via, como uma estratégia de sobrevivência em que sentimento e sinceridade ficam em segundo plano. Embora as ambições sejam econômicas, o corte divisório finda por ser geracional, com as três escolhendo casar com homens jovens, independente de sua condição social, e o velho milionário cedendo sua vez de forma bastante conformada ao jovem ricaço. Em última instância, uma comédia sem brilho e nem de longe a vitalidade das melhores cenas do filme que lançara Monroe ao estrelato dirigido por Hawks no mesmo ano. 20th Century Fox. 95 minutos.

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