The Film Handbook#190: Allan Dwan

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Allan Dwan
Nascimento: 03/04/1885, Toronto, Canadá
Morte: 21/12/1981, Woodland Hills, Califórnia, EUA
Carreira (como diretor): 1911-1961

Amplamente reconhecido como um dos pioneiros do cinema, Allan (nascido Joseph Aloysius) Dwan tem sido chamado "o último dos realizadores assalariados". O quão distante talvez isto seja de um veredito menos que entusiástico permanece incerto, já que dos 400 ou mais filmes que parece ter dirigido (para não mencionar outros 1 400 que afirma ter produzido, escrito ou montado), somente uma fração ainda existe. Admitidamente, a maior parte destes eram filmes mudos de um ou dois rolos, realizados na média de dois por semana mas, mesmo posteriormente, sua produção foi prolífica.

Dwan entrou no mundo do cinema, em 1909, por conta de suas habilidades com iluminação. Rapidamente estaria escrevendo histórias que se tornariam filmes; em 1911 passou a dirigir. Inicialmente seu trabalho foi ligeiro, impetuoso e rotineiro, mas em pouco tempo se tornaria conhecido por suas inovações técnicas: alguns contam que ele inventou o carrinho para o travelling em 1915; certamente serviu como consultor de Griffith em montar a câmera móvel para filmar o gigantesco cenário babilônico em Intolerância/Intolerance. Por volta dos idos dos anos 20, foi promovido a realizar prestigiados veículos para estrelas. Estes incluíam uma série de comédias com Gloria Swanson (Zaza, Manhandled) e diversas brincadeiras luxuriantes com Douglas Fairbanks. Robin Hood>1, apesar de memorável por seus cenários grandiosos, apresenta grande faro narrativo e uma clareza visual que enfatiza a aparente falta de esforço na graça atlética de Fairbanks.

A transição de Dwan para o som parece ter sido sem maiores problemas; ainda assim, ao assinar um contrato de longa duração com a Fox, foi relegado a filmes-B, destacando-se no final dos anos 30 dois veículos para Shirley Temple, Heidi e Sonho de Moça/Rebecca of Sunnybrook Farm. Nos idos dos anos 40, no entanto, abandonaria a Fox para realizar quatro comédias  cheias de vida e inteligentes, das quais Chutando Milhões/Brewster Millions>2 é especialmente charmosa, com Dennis O'Keefe forçado a conseguir a quase impossível tarefa de gastar um milhão de dólares para conseguir uma herança ainda maior. Dois anos após, Driftwood>3 fez excelente uso da atriz mirim Natalie Wood enquanto uma órfã de guerra vivenciando a experiência da morte, desonestidade e negligência. Temperado com nada usualmente pertinentes referências bíblicas, enquanto segue a problemática peregrinação da garota através da selvageria da América provinciana, o filme é surpreendentemente anti-sentimental  em seu retrato das imprudências adultas, e permanece ao lado  de A Maldição do Sangue da Pantera/The Course of the Cat People, de Wise, enquanto um dos melhores filmes sobre a infância.

Os maiores sucessos da carreira sonora de Dwan vieram com Iwo Jima - O Portal da Glória - Sands of Iwo Jima>4, um vibrante filme de guerra com John Wayne, que ornava sua mensagem patriótica com uma cuidadosa mescla de filmagens documentais e ficcionais. Ainda mais satisfatório, no entanto, foi uma série de westerns realizados durante o princípio dos anos 50. Homens Indomáveis/Silver Lode>5, é uma parábola claustrofóbica e tensa com o inocente John Payne perseguido pelas acusações de assassinato de Dan Duryea até se tornar vítima de uma mobilização de linchamento; seus intrigantes flashbacks e magistrais sequencias de ação nunca escondem o fato que se trata do mais explícito ataque de Hollywood sobre o McCarthismo. De modo oposto, Montana, Terra do Ódio/The Cattle Queen of Montana>6, com Barbara Stanwyck protegendo a propriedade de seu pai assassinado de um ganancioso barão do gado, é uma lírica evocação da perda da inocência americana, simbolizada pelo magnífico e suntuoso cenário montanhoso.

A obra final de Dwan carece da firmeza e economia dos westerns. O Maior Ódio de um Homem/The Enchanted Island  foi um filme romântico exótico, mas lento, que traía sua fonte original, o romance Typee, de Melville. O Mais Perigoso dos Homens/Most Dangerous Alive, uma ridícula ficção científica de baixo orçamento com um condenado vingativo se transformando em um homem de aço após ser exposto a explosão de uma bomba de cobalto. Um triste fim para uma carreira de um diretor admirado por suas habilidades em criar narrativas pertinentes; mas nada pode diminuir o fato dele ter sobrevivido tão longamente ao baixo nível de Hollywood sem nunca abandonar seu  fiel e nunca adulterado amor por simplesmente fazer cinema.

Cronologia

Dwan admitia a influência de Griffith. Enquanto um diretor sem sutilezas de material de baixo orçamento, sua influência é difícil de ser discernida, mas suas pioneiras experiências cinematográficas inspiraram No Mundo do Cinema/Nickelodeon de Bogdanovich e O Estado das Coisas/Der Stand der Dinge, que interessantemente retrata uma equipe de filmagens tentando realizar uma refilmagem de O Mais Perigoso dos Homens.

Leituras Futuras
Allan Dwan: The Last Pioneer (Nova York, 1971), de Peter Bogdanovich é uma entrevista em formato de livro.

Destaques
1. Robin Hood, EUA, 1922 c/Douglas Fairbanks, Wallace Beery, Enid Bennett

2. Chutando Milhões, EUA, 1945 c/Dennis O'Keefe, Helen Walker, June Havoc

3. Driftwood, EUA, 1947 c/Natalie Wood, Walter Brennan, Dean Jagger

4. Iwo Jima - O Portal da Glória, EUA, 1949 c/John Wayne, John Agar, Forrest Tucker

5. Homens Indomáveis, EUA, 1954 c/Dan Duryea, John Payne, Lizabeth Scott

6. Montana, Terra do Ódio, EUA, 1954 c/Barbara Stanwyck, Ronald Reagan, Gene Evans

Texto: Andrew, Geoff. The Film Handbook. Londres: Longman, 1989, pp. 90-1.

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