Filme do Dia: Paulo, Apóstolo de Cristo (2018), Andrew Hyatt



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Paulo, Apóstolo de Cristo (Paul, Apostle of Christ, EUA, 2018). Direção: Andrew Hyatt.  Rot. Original: Andrew Hyatt & Terence Berden. Fotografia: Gerard Madrazo. Música: Jan A.P. Kaczmarek. Montagem: Scott Richter. Dir. de arte: Dave Arrowsmith & Ino Bonello. Cenografia: Craig Menzies. Figurinos: Luciano Capozzi. Com: Jim Caviezel, James Faulkner, Olivier Martinez, Joanne Walley, John Lynch, Yorgos Karamihos, Antonia Campbell-Hughes, Alessandro Sperduti.

Paulo (Faulkner), mais famoso seguidor de Cristo, torna-se prisioneiro dos romanos, em tempos de perseguição implacável a estes, sob o governo de Nero. Lucas (Caviezel), médico grego, torna-se seu próximo e confidente. Mauricius (Martinez) fica intrigado com a entrega de Lucas ao amigo, sob pena dele próprio vir a ser incriminado, o que finda por ocorrer, também sendo preso. Os cristãos, vivendo escondidos, encontram-se divididos entre reagir violentamente ao que sofrem ou não. Paulo é terminantemente contra o uso da violência e quando um grupo de cristãos assassinam guardas para libertá-lo, assim como a Lucas, eles decidem não fugir. A filha de Mauricius se encontra em situação de risco de morte e após, várias tentativas que não resultaram em nada, esse, desesperado, ouve de Paulo mais uma vez o quão bom médico Lucas é. Lucas salva a criança, ganhando a gratidão de Mauricius. Paulo segue para o cadafalso.
Parece demasiado óbvio quando ouvimos suas imagens e sons com o que ele teve que competir para vir à luz, seja no próprio cinema ou na TV. Então seus tons fotográficos, sua trilha a incitar a tensão ou a empatia com o sofrimento, sua câmera inexplicavelmente inquieta ou fortuita – observando como um espião à saída de Lucas da prisão – parecem surdamente serem uma resposta a possibilidade de amealhar algum público dentre tantos produtos visualmente similares. Perto disso, os halos de luz “celestial” que nos trazem as silhuetas de Paulo e Lucas na prisão ou o fato dos personagens todos falarem inglês como nos épicos do final do cinema clássico americano dos anos 50 e idos de 60 são detalhes. Trata-se de um filme que vem de toda uma onda de renovação pelos interesses religiosos que acompanham a indústria ao menos desde o mega-sucesso A Paixão de Cristo (2004), de Mel Gibson, protagonizado pelo mesmo Caviezel (aqui também produtor-executivo) e contemporâneo de, dentre outros, Maria Madalena, de Garth Davis, enquanto uma sequencia do filme de 2004, dirigida pelo mesmo Gibson e novamente com Caviezel como Jesus, ainda que 15 anos mais velho, estava sendo planejada quando do lançamento desse. E também Full of Grace (2015), dirigido pelo mesmo Hyatt, O Filho de Deus (2014), de Christopher Spencer, etc.  Dito isso, chama a atenção nessa produção o comedimento quanto ao espetáculo – tomadas como a do voo rasante da câmera sobre a fortaleza onde se encontra aprisionado Paulo e, posteriormente, o próprio Lucas são mais exceção que regra, o “espetáculo” literal dos cristãos sendo entregues às feras também nos é poupado. O que também se adéqua à perfeição a um filme barato para os padrões hollywoodianos (não mais que 5 milhões de dólares).  Centra-se, sobretudo, nos diálogos que evidenciam a tensão crescente entre romanos e cristãos e cuja figura de Mauricius se torna uma espécie de Pilatos para Paulo. Consciente de sua grandeza, mas incapaz de impedir as engrenagens que o levam para sua execução, mesmo que tenha sido ele que tenha indicado Lucas, que salvou a filha de Mauricius da morte. O filme cresce da metade ao final, sendo a parte que apresenta o contexto de perseguição aos cristãos um tanto insípida. Seu tom relativamente pouco grandiloquente não é avesso a um diálogo com formas mais sutis de melodrama. Sua dedicatória final a “todos os que são perseguidos por suas crenças” oculta o outro lado da moeda, os que também perseguem pelo mesmo motivo. Affirm Films/ODB Films. 108 minutos.

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