Filme do Dia: Liane, a Selvagem (1956), Eduard von Borsody
Liane, a Selvagem (Liane, das Mädchen aus dem Urwald, Al. Ocidental, 1956). Direção: Eduard von Borsody. Rot. Adaptado: Ernest von Salomon, a partir da ideia de Thomas Faugh e do romance de Anne-Day Helveg. Fotografia: Bruno Timm. Música: Erwin Halletz. Montagem: Walter von Bonhorst. Dir. de arte: Ernest H. Albrecht. Figurinos: Maria Strzyz. Com: Marion Michel, Hardy Krüger, Irene Galter, Peter Mosbacher, Rudolf Forster, Reggie Nalder, Rolf von Nauckhoff, Edward Tierney, Reinhard Koldehoff, Herbert Hübner, Jean Pierre Faye.
Uma
expedição na África descobre uma adolescente loura (Michel), venerada por uma
tribo local. Eles a levam consigo para Hamburgo, junto com seu fiel Tanga
(Faye) e um filhote de leão, já que descobrirem lá viver o seu avô, o magnata
Theo Amelongen (Forster), que acreditava que seus parentes haviam morrido no
desastre lá ocorrido, quando Liane, o nome da garota, era ainda uma criança de
tenra idade. Liane se interessa pelo jovem Toren (Krüger), então namorado da
companheira de expedição Jacqueline (Galter), enquanto o sobrinho malévolo de
Theo, Viktor (Nalder), pretende que o
tio se convença que Liane é uma farsa, para melhor usufruir da futura herança
do velho.
Não há
outro motivo para essa sofrível produção que a do apelo sensacionalista sexual
(ao qual acorrem os dois protagonistas de The
Silent Revolution de mais de seis décadas após, mas ambientado à época que
este foi lançado). Iniciando com quase 4 minutos do que mais parece ser um
programa televisivo sobre o mundo animal, o filme, com constrangedoramente
canhestras interpretações, ainda traz uma Liane loura, talvez para atiçar a
libido dos similares aos personagens do filme posterior, tendo em vista que a
nudez das nativas poderia soar demasiado “cultural”. Embora Marion Michael
tenha sido comparada a Brigitte Bardot à época, a exploração de seu corpo aqui
vai na linha inversa daquela, e do erotismo praticado no cinema de então, sendo
a semi-nudez da estrela apresentada já logo de início e depois ela sendo
“devidamente” vestida por seus semelhantes europeus, ao contrário do habitual,
e do qual Godard apresentaria o inverso, de forma consciente, ao início de O Desprezo. Tudo parece tão a serviço
da jovem loura que o roteiro sofre com um triângulo amoroso deixado – como a
personagem de Jacqueline – a meio
caminho e com uma perseguição ao vilão
que se resolve rapidamente para que se chegue onde verdadeiramente se
interessa, a nova cena de nudez de Liane. Que o afeminado vilão tenha quase o
mesmo nome de um dos oficiais nazistas de maior prestígio e que Tonga sempre se
ajoelhe diante do avô de Liane, como reconhecimento de sua inferioridade
cultural-racial são alguns dos nada sutis arranjos do filme. E o mesmo pode ser
dito das averiguações criminalísticas, efetuadas diante de todos os possíveis
implicados no caso. Michael viveria a personagem uma vez mais, com Liane, a Escrava Branca, lançado no ano
seguinte, sendo que uma produção de 1961 apenas faz um ajuntamento tosco das
anteriores. São relativamente tímidas, sobretudo nessa versão dublada em
inglês, as cenas de nudez vividas pela Liane de Michel que; para compensar uma
nova espera a la Bardot, despe-se ao final de costas ao reencontrar os rios da
selva em que vivera a maior parte de sua existência até então. Arca-Film
Produktion GmbH. 82 minutos.
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