Filme do Dia: La La Land (2016), Damien Chazelle


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La La Land: Cantando Estações (La La Land, EUA, 2016). Direção e Rot.Original: Damien Chazelle. Fotografia: Linus Sandgren. Música: Justin Hurwitz. Montagem: Tom Cross. Dir.de arte: David Wasco & Austin Gorg. Cenografia: Sandy Reynolds-Wasco. Figurinos: Mary Zophres. Com: Ryan Gosling, Emma Stone, J.K.Simmons, John Legend, Celia Hernandez, Jessica Rothe, Claudine Claudio, Jason Fuchs, Finn Wittrock.
    A aspirante a atriz Mia (Stone) se apaixona pelo apaixonado de jazz e músico da noite Sebastian (Gosling). Ela vive de audição em audição sem conseguir papel de destaque. Ele tocando um tipo de música que não lhe agrada. Mia é então namorada de Greg (Wittrock). Ele passa a fazer parte de um grupo que cai nas graças do público, mas continua descontente por não ser exatamente o tipo de música que gosta. Ela tem uma experiência frustrada no teatro. Certa noite, a situação fica incontornável, quando Sebastian surge de surpresa em casa. Mia afirma que o sucesso não significa exatamente o sonho dele, que era o de abrir um clube de jazz.  Ela decide voltar a morar com os pais. Porém, pouco após recebe um convite para um teste importante. Sebastian vai ao encontro dela e lhe dá forças para que vá fazer o teste. 5 anos depois. Mia casada e com filho, vai com o marido jantar e se depara com o clube de jazz de Sebastian, com o nome que ela havia sugerido. Ele toca ao piano a canção que marcou a relação de ambos.
       Chazelle investe na linha de tributo nostálgico-melancólico ao musical clássico hollywoodiano, evocado sobretudo no momento do primeiro encontro do casal, assim como no observatório do Griffith Park (cenário de Juventude Transviada, filme que tentam assistir juntos), mas também fazendo referência a uma linha de musicais modernos na arrojada sequencia inicial, mais evocativa de Amor, Sublime Amor. Se Chazelle parece ter plena consciência do talento modesto de Gosling e Stone no canto e na dança, busca extrair sua graça dessas limitações, conseguindo alguns poucos momentos realmente tocantes, como o que Mia canta na audição do filme que a porá no mapa das estrelas. Lidar com a concepção básica do que seria um musical, sobretudo clássico, em que a linha narrativa é demasiado frouxa e os personagens um tanto rasos foi a opção seguida pelo filme que, no entanto, infelizmente não consegue tocar no ponto nevrálgico do grande amor não concretizado como, por exemplo, filmes como Os Guarda-Chuvas do Amor, justamente por toda a elaboração da história e de seus personagens ter sido demasiado banal e pouco substanciosa em termos de provocar o efeito de páthos necessário ao final. Se Emma Stone se encontra irretocável, Gosling soa algo canastrão (de forma proposital?) na elaboração de seu personagem. E paralelos poderiam ser traçados entre a sonhadora Mia e seu homem envolvido com jazz a partir de outra revisão do musical clássico, talvez ainda menos bem sucedida, New York, New York (1977), de Scorsese. E não sem forte dose de indulgência se observa a enxurrada de referências a filmes - notadamente Casablanca - e estrelas – Bergman em pôster monumental no quarto de Mia -  da Hollywood clássica, que tem se tornado recorrente nos últimos anos e com efeitos duvidosos (o caso mais célebre sendo O Artista). Ninguém parece mais lúcido que o jazzista Keith, vivido pelo músico John Legend, quando afirma que para o jazz se manter vivo ele tem que se renovar para fazer sentido às novas gerações. Tal frase poderia servir como comentário metanarrativo sobre o próprio filme, se esse não descambasse muito mais para o passado que para uma ainda que modesta renovação. E se Keith se encontra correto, a solução possível, ao menos como pensada pelo filme, é um pastiche que soa hediondo aos ouvidos do próprio Sebastian, como se novidade fosse necessariamente sinônimo de diluição. Talvez a diluição, de fato, inclusive em termos de cinema, encontre-se justamente quando não se inova, mas se busca o efeito mágico do contato com o público. Chazelle, ele próprio certamente aficionado de jazz (que o diga o mais interessante Whiplash) tampouco consegue construir qualquer personagem secundário minimamente interessante, como se o filme reproduzisse o caráter alucinatório da paixão, que não consegue vislumbrar nada mais além do próprio objeto de amor. Destaque para sua bela trilha de canções incluindo City of Stars, Another Day of Sun (da sequencia inicial), A Lovely Night, Someone in the Crowd, The Fools Who Dream (na audição) e até mesmo a que o seu protagonista não leva a sério, Start a Fire, com John Legend. O título em português faz menção a marcação que dá ritmo a narrativa, segmentada em quatro estações. Black Label Media/Gilbert Films/Impostor Pictures/Marc Platt Prod. para Lionsgate. 128 minutos.

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