Filme do Dia: L'Italia con Togliatti (1964), Gianni Amico, Libero Bizzari, Giorgio Arlorio, Carlo Lizzani, Francesco Maselli, Lino Micchichè, Glauco Pellegrini, Elio Petri, Sergio Tau, Paolo Taviani, Vittorio Taviani, Marco Zavattini, Valerio Zurlini
L’Italia con Togliatti (Itália, 1964). Direção: Gianni Amico, Giorgio Arlorio, Libero Bizzarri, Carlo Lizzani, Francesco Maselli, Lino Micchichè, Glauco Pellegrini, Elio Petri, Sergio Tau, Paolo Taviani, Vittorio Taviani, Marco Zavattini, Valerio Zurlini. Comentário: Maurizio Ferrara. Fotografia: Mario Bernardo, Vittorio Bernini, Mario Carbone, Tonino Delli Colli, , Carlo Di Palma, Umberto Galeassi, Americo Gengarelli, Aldo Giordani, Blasco Giurato, Giovanni Mercuri, Claudio Racca, Giovanni Raffaldi, Luiz Carlos Saldanha, Franco Vitrotti, Fausto Zuccoli. Montagem: Mario Serandrei. Música: Anton Giuglio Perugini
Mesmo sendo um documentário grandemente anódino, em termos de projeção autoral, mais preocupado em registrar a chegada do corpo e o velório e o enterro do líder comunista Palmiro Togliatti quando se aproxima de sua metade, a câmera desliza pelo gabinete do político observando seu mobiliário, uma foto de Lênin na parede, delocando-se posteriormente, de forma elegante, até a janela, de onde se emoldura os preparativos iniciais para o cortejo fúnebre. Se não chega exatamente a apresentar a postura gradativa de recusa do realismo presente na obra dos realizadores, até mesmo por se tratar de um documentário, essa sequencia mostra um vislumbre de autoria em meio ao excesso de protocolo que parece fazer do próprio filme um elemento a mais na paisagem fúnebre que inclui desde as dezenas de anônimos flagrados beijando o caixão até a rigidez férrea das delegações diplomáticas, invariavelmente de países do eixo comunista como União Soviética, Cuba, Iugoslávia, Hungria, etc., mas também do Partido Comunista francês. É também nesse momento que na banda sonora ouvimos um discurso de Togliatti endereçado ao povo italiano pouco após ter sofrido um atentado em 1948. Trata-se, portanto, da primeira vez que somos dispensados da grave narração over (típica do documentário clássico) e também da cobertura do momento presente para se referir a um outro, fundamental na trajetória do recém-falecido líder. Das personalidades do mundo do cinema apenas se flagra a presença circunspecta de Luchino Visconti. Comovente é a imagem das pessoas com punhos erguidos enquanto passa o cortejo. Um homem não consegue manter o gesto e usa as mãos para tapar a face em pranto. Muitos homens choram tanto no velório quanto à passagem do cortejo. Tal como numa missa de corpo presente, aqui, ao final do cortejo, existe um ato igualmente, só que um comício reunindo boa parte das lideranças de esquerda da Itália e do mundo (Brejnev, por exemplo), rapidamente entrevistas. Outra intervenção autoral se dá próximo ao final, quando se escuta o áudio de um discurso de Togliatti diante de um auditório vazio, logo seguido por imagens do mesmo auditório repleto. No centro, atrás da tribuna dos oradores, um quadro emoldurado com uma foto de Togliatti ao lado de Gramsci. Ao final, imagens de arquivo apresentam Togliatti em uma homenagem feita a ele no exílio, tendo como fundo sonoro a Internacional Comunista. Quem assiste a esse média metragem jamais adivinhará a ironia e complexidade que acompanha as abordagens sobre a esquerda por parte de realizadores como, por exemplo, os Taviani. São imagens deprimentes de crianças com o mesmo uniforme aplaudindo como pequenos autômatos ao líder, figura emblematicamente embalada ao modelo do culto peculiarmente entranhado nos regimes comunistas de então. Destaques para os poucos planos de imagens em cores que não chegam a totalizar vinte segundos. Unitelfilm. 38 minutos e 26 segundos.
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