Filme do Dia: Carmen (1915), Cecil B. DeMille


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Carmen (EUA, 1915). Direção: Cecil B. DeMille. Rot. Adaptado: William C. DeMille, baseado no romance de Prosper Mérimée. Fotografia: Alvin Wyckoff. Montagem: Anne Bauchens & Cecil B. DeMille. Dir. de arte: Wilfred Buckland. Com: Geraldine Farrar, Wallace Reid, Pedro de Córdoba, Horace B. Carpenter, William Elmer, Jeanie Macpherson, Anita King, Milton Brown.
Carmen (Farrar) é uma cigana que decide se oferecer a causa dos ciganos, fingindo-se apaixonar pelo chefe da segurança, o oficial  Don José (Reid), enquanto é, na realidade, amante do toureiro Escamillo (Córdoba). Completamente apaixonado, Don José assassina seu braço direito, Morales (Elmer), que sempre apelava para razão e tem que fugir para o acampamento cigano. No acampamento ele reencontra Carmen, que não se junta a ele, nem mesmo com todas as suas ameaças. Carmen se torna companheira de Escamillo, agora um toureiro celebrado. No dia de mais uma de suas vitórias, José, agora vivendo como cigano, vai cobrar sua dívida de amor para com Carmen, porém essa o recusa novamente e é morta por ele.
Extraordinário o ritmo narrativo que rege essa produção, bem mais ortodoxa para os padrões do classicismo cinematográfico, que os filmes de Griffith contemporâneos. Destaque igualmente para Farrar, na estreia de sua meteórica carreira de cinco anos, impressionantemente maliciosa e erótica não apenas para os padrões de Griffith, como do cinema americano, sobretudo pós-Código Hays. Ainda que o destino que Carmen tenha seja o mesmo a que é condenada boa parte das personagens femininas que demonstram independência, ela clama por sua liberdade até o momento em que é esfaqueada por seu iludido amante. O fato dela ressignificar  ser objeto do desejo masculino, tornando os homens em reféns desse próprio desejo, em um amour fou que antecipa diversos outros clássicos do cinema (tais como O Anjo Azul  de Sternberg e Eva, de Losey), em que a figura feminina será o caminho para a desonra e completa perda de auto-estima e de referências da própria personalidade e do convívio social desses homens é outro dos trunfos dessa que é uma das inúmeras adaptações do clássico de Mérimée para o cinema, por nomes tão diversos quanto Chaplin (realizado no mesmo ano que essa produção), Lubitsch (numa célebre produção de 3 anos após), Jacques Feyder, Raoul Walsh, Charles Vidor (com Rita Hayworth), Otto Preminger, Godard, Saura, sendo as versões de Vidor e Walsh refilmagens desse filme. Jessy L. Lasky Feature Play Co. 59 minutos.

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