Filme do Dia: Febbre di Vivere (1953), Claudio Gora

Febbre di Vivere (Itália, 1953). Direção: Claudio Gora. Rot. Original: Susu Cecchi D’Amico, Luigi Filippo D’Amico, Claudio Gora, Lamberto Santilli & Leopoldo Trieste. Fotografia: Enzo Serafin & Oberdan Troiani. Música: Valentino Bucchi. Montagem: Mariano Arditi. Dir. de arte: Saverio D’Eugenio & Saverio D’Ameglio. Cenografia: Saverio D’Ameglio. Figurinos: Maria Di Bari. Com: Massimo Serato, Marina Berti, Anna-Maria Ferrero, Marcello Mastroianni, Sandro Milani, Nyta Dover, Rubi D’Alma, Vittorio Caprioli.

      
     Massimo (Serato) é a figura central de um grupo de jovens ricos e amorais. Elena (Ferrero), sua garota, o ama apaixonadamente, mas ele não sente nenhum escrúpulo em traí-la. Daniele (Mastroianni), que foi preso após uma traição de Massimo, procura ajustar suas contas com ele, mas é manipulado por esse. Ele convence um jovem amigo, Sandro (Milani) a se fazer passar por amante de Elena. Massimo pretende que ela faça aborto. Quando todos sabem que foram enganados por ele, ocorre um ajuste de contas, porém em meio a briga, Massimo acidentalmente mata Sandro. Desesperado com a situação ele derrama bebida alcoólica sobre a boca do cadáver e o joga de cima da janela, simulando suicídio. No enterro do mesmo, Lucia o denuncia a polícia, enquanto Elena se aproxima de Daniele.
      Segundo filme do cineasta bissexto Gora, mais conhecido como intérprete de mais de 150 filmes. Mesmo que aparentemente malquisto pela crítica, o filme de Gora apresenta uma série de reflexões sobre uma burguesia inescrupulosa na mesma medida que hedonista, antecipando abordagens semelhantes, ainda que mais elaboradas realizadas posteriormente por cineastas como Fellini ou Dino Risi, nos idos da década seguinte. Seu início, tanto em termos de estética visual, ambiente dos personagens e clamor existencial parece ao mesmo tempo corroborar com os que acreditam que se trata de um período que sinaliza para o final da estética neorrealista (que chega a ser mencionada, de forma derrisiva, logo ao início) quanto uma antecipação igualmente da obra de Antonioni. Dito isso, o filme tampouco escapa de suas limitações, que se tornam crescentes com o desenvolvimento e desenlace de sua história, sendo a principal delas a forma bastante limitada como acaba, em última instância, fazendo um julgamento moral em que todos os malefícios que possam existir acabam se centralizando na figura de um personagem só, mais do que sendo expressão da classe ou grupo social de seu pertencimento. Essa versão é bem mais reduzida que uma versão alemã que possui mais de 2 horas de duração, o que talvez em parte explique a presença frequente de planos de menos de um segundo. BAC Films para Atlantis Film. 84 minutos.

Postado originalmente em 24/07/2014

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng

A Thousand Days for Mokhtar