Filme do Dia: Vôo 193 (2006), Paul Greengrass
Vôo 193 (United 193, EUA/Reino Unido/França, 2006). Direção e Rot. Original: Paul Greengrass. Fotografia: Barry Ackroyd. Música: John Powell. Montagem: Clare Douglas, Richard Pearson & Christopher Rouse. Dir. de arte: Dominic Watkins, Romek Delmata & Joanna Foley. Figurinos: Dinah Collin. Com: Christian Clemenson, Trish Gates, Polly Adams, Cheyenne Jackson, David Alan Basche, Gary Commock, Kate Jennings Grant, Lewis Alsamari, Omar Berdouni, Jamie Harding.
Um vôo parte de Nova York com destino a San Francisco. Entre os passageiros se encontram um grupo de terroristas. Os controladores de vôo começam a perceber que ocorrem desaparecimentos seguidos de aviões. A situação fica mais aterrorizante quando se descobre que um dos aviões se chocou contra uma das torres do World Trade Center. Depois do choque do segundo avião contra a outra torre, e da queda de um avião sobre o Pentágono ocorre a tomada de poder do avião pelos terroristas. Quando os passageiros se tornam conscientes da situação e que provavelmente eles irão também serem utilizados como projétil contra mais um alvo se rebelam contra os terroristas, precipitando a queda do avião antes do alvo pretendido.
Filme que atualiza alguns gêneros bem tradicionais do cinema tais como o filme de reconstituição de tragédias reais, pródigo nos primórdios do cinema e ainda presente na produção contemporânea (sendo o exemplo mais célebre Titanic) e de um cinema-catástrofe bastante presente na década de 1970, em produções como Inferno na Torre e todo um ciclo iniciado com Aeroporto (1970). Enquanto atualização, afasta-se do processo de identificação rasteiro criado pelo psicologismo, pela utilização de um super-elenco e dos efeitos especiais dessas produções do cinema-catástrofe. Porém, engana-se quem pensar que ao abraçar um tom menos espetacular de modo, guardadas as devidas proporções, que Clooney efetivou em seu Boa Noite, e Boa Sorte., afasta-se do sensacionalismo. Mesmo que tenha boa parte de sua narrativa centrada no tom semi-impessoal e mesmo pseudo-documental que descreve o desenrolar dos acontecimentos pelas torres de controle, não faltam elementos que apontem no sentido oposto. Notadamente, os inúmeros planos de passageiros se despedindo de seus entes amados e a trilha sonora, além da própria tensão crescente nas torres de controle. Não existe, no entanto, qualquer catarse que se contraponha a morte anunciada e vivenciada como brusca interrupção do narrado. Porém, de que adianta, ao final de contas, a relativa sobriedade e seu realismo de forte influência documental e televisiva, presentes tanto na câmera de calculado “improviso” em seus movimentos bruscos e a construção do foco em cena, assim como uma narrativa construída próxima do tempo real, se tais elementos não servem para nada mais que a reconstrução dramática de um evento? Aqui, o filme se distancia bastante do de Clooney, pois não avança sobre qualquer recorte que transcenda ao mero evento e apresente facetas de sua inesgotável dimensão política. A seu realismo minucioso que foi buscar detalhes dos trajes utilizados por certos passageiros e fez uso de controladores reais, enfim, nada mais interessa que uma aproximação mimética dos eventos ocorridos, residindo aí, mas que na utilização de cenários e cenas de destruição grandiosas, seu apelo sensacional. Ou seja, abdica-se do modo padrão com que os filmes do início do século retratavam suas tragédias mas não da pretensão de fidelidade, que fazia com que boa parte dessa produção fosse exibida com pretensões documentais. Sidney Kimmel Ent./Studio Canal/Universal Pictures/Working Title. 111 minutos.
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