The Film Handbook#209: Bill Douglas

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Bill Douglas
nascimento: 17/04/1937, Edimburgo, Escócia
morte: 18/06/1991, Barnstaple, Devon, Inglaterra
carreira (como diretor): 1972-1986

Embora, paradoxalmente, o realismo britânico que focava na classe trabalhadora tenha sido tradicionalmente reserva de liberais de classe média, de formação universitária, os filmes de Bill Douglas conquistaram raro poder e honestidade, formulando sobre suas próprias experiências de privação.

Após estudar cinema, Douglas iniciou uma ambiciosa trilogia. baseada em situações e relacionamentos de sua vida pregressa: My Childhood, My Ain Folk e My Way Home>1 não fazem nenhuma concessão ao melodrama ou sentimentalismo, ao seguir a árdua odisseia de um garoto de oito anos praticamente indesejado que vive com sua avó em uma pobre vila mineira escocesa, através de inesperados encontros, quando adolescente, com o seu até então desconhecido pai e o serviço nacional para o Exército no Oriente Médio. A pobreza que limita sua solitária vida é econômica, emocional e educacional, e os diálogos esparsos, elipses narrativas e austera fotografia em estilo documental servem para reforçar a crueza, dor e miséria do início ao final. Levando sete anos para ser realizado (o mesmo garoto interpretando a figura de Douglas do início ao final), a trilogia é uma tristemente catártica obra de amor.

Comrades>2 foi uma igualmente impressionante "narrativa de lanterna" sobre os Mártires de Tolpuddle, misturando política, história, estética e grande senso de aventura. Apesar de filmado em cores, evita as armadilhas do drama de época pictórico enquanto relaciona a verdadeira história dos fazendeiros de Dorset exilados em uma colônia penal australiana nos anos de 1830, após formarem um sindicato em protesto contra os salários de subsistência. O realismo de Douglas proporciona o veículo para uma compreensão épica e humanista da fé na capacidade humana de sobreviver ao sofrimento, enquanto sua implícita chamada à unidade da classe trabalhadora foi emoldurado em um retrato irônico e nunca dogmático de luta de classes e injustiça social. Também inteligente foi sua integração à narrativa de inúmeros artifícios pré-cinematográficos - o panorama, o rotoscópio, as sombras animadas, o taumatrópio - revelando pioneiros métodos de narrativa visual, e refletindo a história do cinema. Mas o espetáculo era primordial, com a bela evocação das colinas acinzentadas de Dorset e as vastidões do interior australiano banhados pelo sol, que emprestam ao filme uma verdadeira poesia mística.

O poder emocional dos filmes de Douglas pode derivar de sua relutância em comprometer sua visão da riqueza inata do homem. Nunca se tornando paternalista em relação aos seus personagens, ele tem restaurado honestidade e engenhosidade a um estilo - o realista - há muito considerado ultrapassado, simplista e estéril.

Cronologia
A ascendência artística de Douglas inclui os realistas britânicos, a trilogia sobre Máximo Gorki de Mark Donskoi e a trilogia de Apu de Ray. Terence Davies é um novo talento britânico ainda mais audacioso e original.

Destaques
1. The Bill Douglas Trilogy (My Childhood; My Ain Folk; My Way Home), Reino Unido, 1972-73-77 c/Stephen Archibald, James Taylor-Smith

2. Comrades, Reino Unido, 1987 c/Robin Soans, Alex Norton, Robert Stephens

Texto: Andrew, Geoff. The Film Handbook, Londres, Longman, 1989, pp. 85-6.

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