Filme do Dia: É de Chuá (1958), Victor Lima
É de Chuá (Brasil, 1958).
Direção: Victor Lima. Rot. Original: Haroldo Barbosa, Victor Lima, Sérgio
Porto, Renato Restier e J.B. Tanko. Fotografia: Mario Pagés. Música: Haroldo
Eiras. Montagem: Rafael Justo Valverde. Dir. de arte: Alexandre Horvat. Com:
Grande Otelo, Ankito, Renata Fronzi, Renato Restier, Bill Farr, Costinha, Zezé
Macedo, Carlos Costa, Duarte de Moraes, Pedro Dias.
O vigarista Juca Moleza (Restier) se aproveita da
sede de fama e riqueza da popular Maria Xangai (Fronzi) para planejar um golpe
na soçaite. Ele aluga uma mansão e alguns dos melhores artistas do momento são
contratados para divertir a sociedade. O auge da festa é um desfile de jóias,
mas a dupla de pobretões Laurindo (Othelo) e Peteleco (Ankito), roubam a cena,
quando o último engole uma jóia preciosa. Os detetives Astrogildo (Costa) e seu
parceiro (Costinha) investigam os passos de Juca, enquanto um médico (Dias) é
chamado para recuperar a jóia do estômago de Peteleco. Todos se interessam por
Peteleco, quando descobrem que o joaelheiro pretende recompensar quem a reaver
com 10% do valor da jóia. Laurindo percebe que essa é a ocasião para quitar sua
dívida com Joaquim (Moraes), o comerciante a quem deve os adereços de sua
escola de samba.
Sem a habitual paródia aos filmes americanos típica
do gênero, assim como sem Oscarito, cuja última participação em sua famosa
parceria com Otelo foi Matar ou Correr (1954), essa chanchada apresenta todo o receituário do gênero
como enredo rocambolesco, tipos mais que personagens psicologicamente
desenvolvidos, aberta misoginia e deliciosos números musicais compostos de
marchinhas carnavelescas de letras inócuas e cantadas pelos mais famosos astros
do rádio do momento como Linda Batista e Dircinha Batista, Nélson Gonçalves,
Emilinha Borba e também Jamelão, Agostinho dos Santos e até o Palhaço
Carequinha. O resultado final, longe de alguns das produções mais refinadas do
gênero, como O Homem do Sputnik (1959), de
Carlos Manga, um tanto quanto previsível e rasteiro, possui na divertida
espontaneidade das interpretações e alegria presente em alguns de seus números
musicais – como a da canção-tema de Maria Xangai logo ao início e na seqüência
final – em que o povo do morro decide invadir a mansão - um saudável espírito anárquico, marca
registrada do gênero. Outras canções apresentadas são Mulheres da Terceira
Dúzia, Fanzoca de Rádio, Aula de Amor, Boêmia, Cola
no Corpo, Topada, Qual é o Caso, Sempre Mangueira, Madureira
Chorou, Eu Sou o Tostão, Não Quero Mais, Você é Demais,
Chegou a Hora e Adeus, Mangueira.Lima, que dirigiu alguns dos
filmes mais famosos da dupla Grande Othelo/Oscarito como Matar ou Correr
e Nem Sansão Nem Dalila, continuaria no gênero humorístico e dirigiria o
primeiro filme de sucesso de Renato Aragão, Bonga, O Vagabundo (1971),
assim como algumas das comédias do grupo Os Trapalhões. Cinedistri/Herbert
Richers Prod. Cinematográficas. 100 minutos.
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