Filme do Dia: O Jantar (1998), Ettore Scola
O Jantar (La Cena, Itália, 1998). Direção: Ettore Scola. Rot. Original:
Ettore Scola, Furio Scarpelli, Silvia Scola & Giacomo Scarpelli, baseado no
argumento de Scola. Fotografia: Franco Di Giacomo. Música: Armando Trovajolli.
Montagem: Raimondo Crociani. Dir. de arte: Luciano Ricceri. Com: Fanny Ardant,
Vittorio Gasman, Giancarlo Giannini, Stefania Sandrelli, Antonio Catania,
Stefano Antonucci, Daniella Poggi, Corraldo Olmi.
Uma noite no
restaurante comandado por Flora (Ardant) que atrai os mais diversos tipos: um
sujeito tímido que faz amizade com um mágico; um velho maestro, Pezullo
(Gassman); um professor (Giannini) que descobre que sua aluna e amante pretende
remeter uma carta quilométrica contando tudo a sua esposa e exigindo exclusividade;
uma mulher que realiza um encontro de seus quatro amantes; uma mãe, Isabella
(Sandrelli), que fica arrasada ao saber que a filha pretende tornar-se freira;
a sobrinha de Flora que comemora aniversário e seu grupo de amigos
adolescentes; um casal de turistas japoneses acompanhado do filho; um diretor e
um ator de teatro ensaindo a peça que pretendem levar ao palco; uma mulher de
meia-idade, aparentemente ninfômana, que “violenta” um rapaz no banheiro etc.
Do outro lado da porta, os cozinheiros enfrentam a labuta sobre a pressão de um
chefe de cozinha fiel ao seu comunismo.
Continuando a explorar um estilo de narrativa que
já utilizou a exaustão em filmes como A
Família (igualmente com Gassman e Ardant) e O Baile, o cineasta realizou uma comédia de costumes tipicamente
classe média. Longe de seus momentos mais inspirados, como em Casanova e a Revolução, o cinema de
Scola possui a mesma inocuidade divertida de outro cineasta afeito a comédias,
Mario Monicelli. Ainda mais que em Monicelli, no entanto, um dos entraves para
uma realização mais bem sucedida é o excessivo sentimentalismo, herdeiro de seu
maior modelo: Vittorio de Sica (a quem não deixa de prestar homenagem, ao final
do filme, quando a criança japonesa visualiza no céu, numa animação que reproduz
um joguinho eletrônico, em cima de uma vassoura, a dupla mágico e homem tímido,
evocando Milagre em Milão). Como
sempre o cineasta demonstra ser um excelente diretor de atores (o elenco,
afinado e extenso, é um verdadeiro inventário do cinema italiano das últimas
décadas, incluindo Sandrelli, descoberta pelo próprio cineasta em Nós Que Nos Amavámos Tanto e, numa ponta
como cozinheiro com fama de garanhão, Garofolo, o jovem delinquente Ettore de Mamma Roma) e dispor de uma afinada
técnica (a mais bela seqüência é uma virtuosa panorâmica de 360º que observa
todos os personagens mesmerizados por uma apresentação de harpa e violino).
Falta, no entanto, originalidade (em alguns momentos de atmosfera
pseudo-surreal evoca Fellini, enquanto a moça com vários amantes é uma
referência ao próprio tema central de Nós
Que Nos Amavámos Tanto). A presença da francesa Ardant, em meio aos
italianos não possui outra motivação que essa ser uma produção ítalo-francesa.
Lidando com um universo espaço-temporal ainda mais comprimido e com apenas dois
personagens, Malle conseguiu resultados mais efetivos com seu Meu Jantar com André. Filmtel/FR3/Les
Films Alain Sarde/Medusa Produzione. 124 minutos.
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