Filme do Dia: Moana (1926), Robert Flaherty


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Moana (EUA, 1926). Direção: Robert J. Flaherty. Rot. Original: Robert J. Flaherty (também entretítulos) & Julian Jonhson (entretítulos). Fotografia e Montagem: Robert J. Flaherty.
Esse filme, tido por alguns como pela primeira vez referenciado pelo termo documentário, segue todas as estratégias do filme de estréia de Flaherty que fora retumbante sucesso, Nanook, o Esquimó (1922): um cenário exótico (lá as intempéries do Ártico, aqui os mares do sul da Polinésia); a personificação de um herói (o personagem-título de ambos os filmes); a romantização de culturas que possuem como aliados ou opositores somente elementos da própria natureza, se possível tornadas ainda mais  exóticas através da utilização de costumes já findos (lá a pesca sem arpão, aqui o ritual de tatuagem para ingresso no universo masculino), etc. Procura reconstituir, com material filmado em mais de um ano, um dos dias mais importantes para um jovem homem polinésio, o de sua iniciação no universo dos adultos. Aos poucos se percebe que todos os eventos retratados anteriormente, como a pesca de uma tartaruga gigante, a retirada de cocos, a extração  de tecidos vegetais para a feitura de roupas, possui como única função, a celebração do ritual. Desse modo, Flaherty amarra uma narrativa que, talvez mais frouxa que Nanook, detenha-se por maior tempo numa descrição “etnográfica” (ainda que por vezes reconstituída ou tardia) de costumes da tribo. O resultado final não produz o mesmo efeito que seu filme anterior. Em grande parte talvez se deva a aqui o herói não enfrentar as mesmas adversidades que Nanook, que rendem um tom épico e de mais fácil identificação projetiva.  Moana só passa a ser enquadrado como protagonista com a narrativa já bem adiantada. Tampouco ele possui o mesmo carisma que caracterizou a construção de “bom selvagem” do esquimó. E igualmente tampouco se consegue a poesia que as imagens do mar evocam em seu posterior  O Homem de Aran (1934). Flaherty voltaria a abordar o universo dos polinésios no abertamente ficcional Tabu, em que se desentendeu com seu co-diretor, Murnau. Essa versão além de longe de completa (existem versões com 77 e até 85 minutos), conta com a nada atraente característica de não ter sido sonorizada. Famous Players-Lasky Corp. para Paramount. 60 minutos.

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