Filme do Dia: Dias de Ira (1943), Carl Th. Dreyer
Dias de Ira (Vredens Dag, Dinamarca, 1943). Direção:
Carl Theodor Dreyer. Rot.Adaptado: Carl Th. Dreyer, Poul Knudsen, Paul La Cour & Mogens Skot-Hansen, baseado no
romance Anne Pedersdotter, de Hans Wiers-Jenssens. Fotografia:
Karl Andersson. Música: Poul Schierbeck. Montagem: Anne Marie Petersen &
Edith Schlüssel. Dir. de arte: Erik Aaes. Com: Thorkild Roose, Lisbeth Movin, Sigrid Neiiendam, Preben Lerdorff
Rye, Anna Svierkier, Abert Høeberg, Olaf Ussing.
O pastor Absalon Podersson (Roose) casa-se
novamente. Sua jovem esposa, Anne (Movin), é intensamente mal vista pela mãe de
Absalon (Neiiendam), extremada nos cuidados ao filho e a moral. O filho de
Absalon, Martin (Rye), resolve passar uns dias com o pai. Ao mesmo tempo,
refugia-se na casa, sob os cuidados de Anne, Herlofs Marte (Svierkier), acusada
de bruxaria. Anne sente-se imediatamente atraída por Martin. Logo descoberta,
Herlofs, que será levada a julgamento, ameaça Absalon, já que sabe que ele
absolvera a mãe de Anne de bruxaria apenas por causa da filha. Anne escuta
tudo. Herlofs é queimada na fogueira, para o tormento de Absalon, enquanto Anne
passa a relacionar-se com Martin. Na noite que visitara o leito de morte de um
amigo, Laurentius (Ussing), amaldiçoado por Herlofs, Absalon discute com Anne.
Essa lhe afirma que ele jamais perguntara se ela desejara unir-se com ele ou se
era feliz no casamento. Ao confirmar que desejara a morte do marido,
Anne presencia sua morte súbita. Porém Martin, sentindo-se extremamente culpado,
afasta-se dela. No dia da missa de corpo presente, Martin defende Anne,
enquanto a mãe de Absalon a desmascara enquanto bruxa, o que a própria Anne confirma.
Mais
convencional, em termos formais, que seu filme anterior, Vampiro, Dreyer conta em uma narrativa clássica e enxuta, uma
história também movida por sentimentos básicos. Amor, ódio, medo, paixão
parecem ser representados por cada personagem. Ao mesmo tempo, o caráter
metafísico que Dreyer pretende suscitar, presente na crise de fé em que se
encontra mergulhado o pastor após a morte de Herlofs e as acusações de sua
esposa sobre seu egoísmo, nunca obscurecem a fisicalidade da interpretação dos
atores, destacada sobretudo na forma em que expõe em semi-nudez a bruxa. A
soberba direção dos mesmos e o senso de timing
encontram-se entre as virtudes do filme, que provavelmente deve ter
influenciado cineastas como Bergman. Palladium Productions. 110 minutos.
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