Filme do Dia: Nanook, o Esquimó (1922), Robert Flaherty



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Nanook, o Esquimó (Nanook of the North, EUA, 1922). Direção e Rot. Original: Robert J. Flaherty. Fotografia: Robert J. Flaherty. Música: Stanley Silverman (versão remasterizada em 1998). Montagem: Robert J.Flaherty & Charles Gelb. Com: Nanook, Nyla, Cunayou, Allee, Allegoo.
         Iniciando com belo travelling ondulante que apresenta a perspectiva do deserto de gelo a partir do barco, o filme busca retratar o cotidiano de um bravo caçador esquimó, Nanook, que vive no extremo gelado da província canadense de Quebec. Assim acompanhamos Nanook, suas duas mulheres e filhos indo ao empório trocar as peles que coletou no último ano por mantimentos. Nanook observando sem maior curiosidade o primeiro gramofone que vê na vida. Nanook demonstrando suas habilidades na caça de peixes,  da raposa branca, da foca e de uma imensa morsa. Apresentando orgulhoso sua ninhada de huskys siberianos, construindo um iglu, tendo que admoestar os cães que se revoltam contra o líder da matilha ou enfrentando a difícil nevasca em um iglu que encontra abandonado.
Considerado como precursor do cinema etnográfico, Flaherty realizou um documentário grandemente inovador para a época, mesmo que boa parte das cenas apresentadas não sejam mais que reconstituições de situações da vida esquimó, como por exemplo a utilização de técnicas de pesca mais rudimentares que as então em voga no momento da filmagem e construção de iglus maiores que os naturais, para que houvesse possibilidade de iluminação para filmagens dentro deles. O filme de Flaherty se enquadraria dentro do modelo de realismo cinematográfico defendido pelo influente teórico André Bazin, que observa em momentos como o da caça à foca uma consagração da relação entre a ação e o espaço onde se desenvolve a ação sobre a técnica da montagem. Mesmo que filmes que documentassem realidades distantes já surjam com o próprio cinema, nas atualidades produzidas pelos Lumière e o próprio Polo Norte já tenha sido explorado em filmes como O Eterno Silêncio (1920), nenhum deles atingirá a dimensão de obra-prima conquistada pelo filme de Flaherty, ele próprio já tendo participado de uma missão na década anterior, em que acabaria por perder os negativos do registro. Os bastidores da filmagem foram reconstituídas no fraco Kabloonak (1994), de Claude Massot. Anos depois, Flaherty seria supervisor e colaborador em uma série de célebres filmes da chamada Escola Documental Britânica, após ter abandonado as filmagens do ficcional Tabu (1931). Les Frères Revillon/Pathé Exchange. 79 minutos.

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