Filme do Dia: Transamérica (2005), Duncan Tucker
Transamérica
(Transamerica, EUA, 2005). Direção e Rot. Original: Duncan Tucker. Fotografia: Stephen
Kazmierski. Música: Lucinda Williams. Montagem: Pam Wise. Dir. de arte: Mark
White. Cenografia: Lisa Scoppa. Figurinos: Danny Glicker. Com:
Felicity Huffman, Kevin Zegers, Fionnula Flanagan, Elizabeth Peña, Grahan
Greene, Burt Young, Carry Preston, Venida Evans.
Bree Osborne (Huffman) é um
transexual que deseja fazer uma operação para mudança de sexo, mas que se vê
atrapalhada no último momento pela notícia de um filho seu, Toby (Zegers), em um reformatório
de Nova York,, onde o jovem se drogava e prostituía. Bree
consegue convencer Toby a viajar com ela até o local em que morou com o pai
adotivo, porém ocorre uma cena inesperada de violência, pois o padrasto havia
violentado Toby. Bree decide então apresentar a si própria e ao filho para sua
conservadora e bem estabelecida família. Toby tenta seduzir Bree e afirma que
gostaria de viver com ela, e ela conta a verdade. Desnorteado, Toby a esmurra.
Bree parte de volta para a Califórnia, conseguindo dinheiro emprestado da
família para finalmente fazer a operação de mudança de sexo. Toby também vai
morar na Califórnia, trabalhando como ator de pornôs gays. No natal, Bree recebe
a visita de Toby.
Releitura dos imbróglios envolvendo
ambiguidade com relação aos gêneros, que de algumas décadas para cá explicitou
o que havia de mais sutil em filmes como as “comédias malucas” americanas da
década de 1930. Tucker passeia entre o cômico e o dramático a partir de uma
situação básica, no caso duas revelações: a que Bree é um transexual e que é
seu pai. Nada muito original, mas que o realizador consegue trabalhar de
maneira relativamente bem sucedida, pouco se importando, por exemplo, com
inverosimilhanças como o fato de Toby frequentar o submundo nova-iorquino não o
fizesse perceber que Bree é trans, algo que até uma criança em uma lanchonete
de beira de estrada já desconfiava. Uma leitura um pouco mais sutil aponta para
a viagem e as relações familiares entre gerações enquanto representações de uma
nação pseudo-cindida, entre valores morais conservadores como sinônimo de
hipócritas e mais progressistas. Ainda que o que filme aponte como progressista
se reduza ao fato de Bree querer apenas vivenciar sua própria sexualidade, no
mais sendo uma figura extremamente conservadora, o que de certa forma a exime
de uma rejeição para um público mais amplo. Trata-se, como ela mesma gosta de
frisar a certo momento, de uma “transexual” e não de um “travesti”. Situação
que é ainda mais suavizada quando se escolhe uma mulher para vivenciar o papel
da protagonista. Belladonna Productions. 103 minutos.
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