Filme do Dia: Os Irmãos da Família Toda (1941), Yasujirô Ozu
Os Irmãos da Família Toda (Todake no kyodai ,
Japão, 1941). Direção: Yasujiro
Ozu. Rot. Original: Yasujiro Ozo & Tadao Ikeda. Fotografia: Yuuharu Atsuta.
Música: Senji Itô. Com: Mieko Takamine, Shin Saburi, Hideo Fujino, Ayako
Katsuragi, Mitsuko Yoshikawa, Masao Hayama, Tatsuo Saito, Kuniko Miyake,
Michiko Kuwano, Choko Iida.
Após uma reunião familiar que resulta
pouco depois na morte do seu patriarca (Fujino), a próspera família Toda se vê
envolvida em uma relativa dificuldade financeira. Enquanto o filho mais jovem e
considerado a “ovelha negra” da família, Shojiro (Saburi), decide ir trabalhar
na China, a mulher mais jovem, Setsuko (Takamine) decide ir morar com a mãe
(Katsuragi), na casa do irmão mais velho, Shinichiro (Saito), por conta da
mansão ter sido vendida como pagamento das dívidas deixadas pelo falecido. Em
pouco tempo, tensões surgem, e Setsuko e mãe vão morar somente com a fiel
criada (Iida) em uma humilde residência. Quando o filho retorna da China para a
cerimônia de um ano do falecimento do pai, ele destrata toda a família por
terem deixado que a mãe vivesse em tal local, a convidando, juntamente com
Setsuko, a criada e o pássaro de estimação a viverem junto a ele na China,
dispensando a noiva que Setsuko lhe
arranjou, Tokiko (Kuwano).
Essa fábula, que muitos acreditam ter
uma forte dimensão autobiográfica (Ozu jamais casou e viveu com sua mãe boa
parte da vida), é marcante não apenas pela habitual elegância “excêntrica” como
os planos são dispostos como – e fundamentalmente em conseqüência dessa
estratégia visual – pela contenção habitual, inclusive nos momentos de maior
tensão, tendo como exemplo a nora da Sra. Toda pedindo que ela fique afastada
do neto, por ter criado uma cumplicidade com ele, ao ponto de acatar o pedido
dela para não informar a mãe que houvera faltado a escola ou ainda na rusga
final de Shojiro contra o restante da família. É evidente a simpatia que Ozu
nutre pelos dois personagens mais jovens, solitários, frágeis e não
participantes ainda de suas próprias vidas familiares como os outros filhos. Porém,
é em meio a tudo isso que a voz de Shojiro vem demarcar sua bravura moral com
relação a mãe renegada a um certo ostracismo na última fase da vida.
Fundamental para o efeito agridoce que tende a se intensificar quanto mais o
filme avança – e que certamente influenciou bastante cineastas, como o Edward
Yang de As Coisas Simples da Vida (2000)
– é o brilhante e afinado elenco, com destaque para Katsuragi, Saburi, Takamine
e também para o ator que encarna o neto. O fato do ambiente familiar pertencer
a uma família bem mais rica do que os personagens habituais, mesmo que
enfrentando uma situação posterior de decadência talvez se encontre envolvido
com as pressões políticas e morais impostas por um regime autoritário. Shochiko
Eiga. 105 minutos.
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