Filme do Dia: Mandacaru Vermelho (1961), Nelson Pereira dos Santos


Mandacaru Vermelho


Mandacaru Vermelho (Brasil, 1961). Direção e Rot. Original: Nelson Pereira dos Santos. Fotografia: Hélio Silva. Música: Remo Usai. Montagem: Nello Melli. Cenografia: João Duarte. Com: Mozart Cintra, Jurema Penna, Nelson Pereira dos Santos,  Ivan de Souza, Luiz Paulino dos Santos, Sonia Pereira, João Duarte, Enéas Muniz.

Jovem (Pereira), sobrinha da proprietária de fazenda (Penna), foge com o pretendente (Santos), trabalhador na mesma propriedade. Quando a sua tia, que faz às vezes de coronel, sabe do fato, parte com a família e capangas atrás de vingar a sobrinha. Tendo apenas o irmão como aliado,   entra em conflito com o próprio, enquanto o bando da tia se aproxima. O casal  busca refúgio numa região pedregosa onde ocorrera há tempos um célebre massacre e onde um ermitão místico remanescente do massacre celebra a união do casal e assassina a velha tia. O irmão e os outros membros do bando da tia igualmente morrem.

É difícil crer que essa constrangedora produção tenha sido realizada no mesmo período que Santos planejava filmar seu Vidas Secas, um dos mais memoráveis filmes do cinema brasileiro de todos os tempos. Aqui, o cineasta envereda por uma trilha completamente distanciada tanto da influência neorrealista presente em seus dois primeiros longas-metragens quanto de sua produção posterior, realizando uma pálida cópia de western americano, produções comuns à época e conhecidas como nordestherns e que tiveram O Cangaceiro (1953) como matriz e Aníbal Massaini como mais profícuo realizador. Involuntariamente ridículo do início ao final, o filme é grandemente prejudicado  tanto pelo tom folclórico e completamente desvinculado da realidade local, que somente chega a ser  utilizada enquanto cenário exótico, quanto por seu maniqueísmo rasteiro, que chega a pérolas de vilanismo por parte da tia e seus homens,  como o assassinato de uma criança e o fato de deixarem insepulto o cadáver do próprio companheiro de bando. Personagens não menos ridículos tais quais o ermitão parecem serem provenientes antes de um universo abstrato da indústria cultural (sobretudo histórias em quadrinhos e filmes-B) que propriamente do nordeste brasileiro. O mesmo pode ser dito do zunido das balas nas rochas característica de qualquer banal western e da utilização cenográfica dos mesmos numa imitação pífia dos desfiladeiros a la John Ford-Monumental Valley. Não menos característico é o happy end final e os flashbacks românticos do casal Inferior até mesmo ao já constrangedor filme de Lima Barreto, que pelo menos ainda possui algumas interessantes soluções plásticas na imagem, ainda que de efeito meramente decorativo. Devido ao caráter improvisado da produção, o próprio cineasta acabou incorporando o papel do mocinho e boa parte da equipe técnica o elenco de apoio. Nelson Pereira dos Santos Produções Cinematográficas. 78 minutos.

Comentários

  1. A proprietária da fazenda é a Jurema Pena, o texto está errado.

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  2. Ok, obrigado pela correção. é sempre difícil buscar as indicações de atores em filmes brasileiros, infelizmente. e a jovem você saberia dizer qual seria a atriz?

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