Filme do Dia: O Ídolo Caído (1948), Carol Reed
O Ídolo Caído (The Fallen Idol, Reino Unido, 1948). Direção: Carol Reed. Rot. Original: Graham Greene, Lesley Storm & William Templeton. Fotografia:
Georges Périnal. Música: William Alwyn. Montagem: Oswald Hafenrichter.
Cenografia: Vincent Korda & James
Sawyer. Com: Ralph Richardson, Michèle Morgan, Bobby Henrey, Denis O’Dea, Walter
Fitzgerald, Dandy Nichols, Gerard Heinz.
Baines (Richardson) é mordomo em uma embaixada de um
país do Leste Europeu em Londres. Aproveitando a ausência dos patrões, ele
procura conciliar seu tempo entre acompanhar o jovem filho do embaixador,
Phillipe (Henrey), despistar a mulher (Dresdel), e encontrar-se com a amante Julie (Morgan).
Baites pede que o garoto guarde segredo. Desconfiada, sua mulher descobre,
através de Phillipe, que a detesta e adora Baines, que o marido se encontrara secretamente com a
amante. Também pede para que a criança guarde segredo. Finge abandonar a casa e
observa a presença de Baines com Julie. De madrugada acorda Phillipe e pergunta
pelo casal. Logo depois cai e morre próximo a escada. O inspetor Crowe (O’Dea)
chega com seus homens, após a suspeita do médico, doutor Fenton (Fitzgerald),
que acredita que o ferimento é muito grave para uma mera queda. No dia
seguinte, Julie chega no momento errado, quando os policias acabam de chegar, e
se faz passar por secretária da embaixada. Mentindo sobre o encontro fortuito
que houvera na mesma noite, Phillipe se trai e revela a presença de uma
terceira pessoa. Baines também não se mostra convincente na sua argumentação,
quando inventa que essa terceira pessoa é sua esposa, já que a Polícia descobre
um telegrama dessa. Revela todo o segredo
sobre o seu relacionamento com Baites e afirma ser a terceira pessoa. Sua
revelação funciona para, em um primeiro momento, piorar a situação de Baines,
mas logo em seguida para absolvê-lo, já que a polícia encontra um vaso
derramado que comprova a tese do acidente, e as mentiras de Baines agora podem
ser analisadas como mera tentativa de encobrir seu relacionamento
extra-conjugal. Julie pede a Phillipe que conte somente a verdade à Polícia. Os
policiais acreditam que tentando espionar o relacionamento amoroso do marido, a
Sra. Baines acabou sendo vítima do acidente, ignorando por completo os apelos
do menino que avisa que fora ele que derrubara o vaso, o que voltaria a
incriminar Baines. A situação volta completamente ao seu eixo com a chegada do
embaixador (Heinz) e sua esposa.
O
filme se apóia por completo na dificuldade do garoto de absorver a lógica do
mundo adulto, que lhe foge à razão, já que Baines e sua esposa pedem-lhe para
guardar seus segredos, o que lhe deixa em extremo conflito para não revelar
nada de nenhuma das partes. Posteriormente Baines afirma que ele deve negar
sobre o fato que lhe contara que matara um homem na África e não deve revelar igualmente a presença de
Julie na noite do crime e, Julie, pelo contrário lhe afirmará que deverá contar
apenas a verdade aos policiais. Ironicamente quando mentira para proteger
Baines, prejudica-o e, no momento em que pretende dizer a verdade, é
completamente ignorado pelos policiais, mal sabendo que sua confissão iria
deixar Baines em apuros. A estratégia de centrar a narrativa na perspectiva do
jovem – inclusive nos planos subjetivos que testemunham e evidenciam para nós
tudo o que permanece obscuro para ele – e a interpretação de Richardson são o
que há de melhor no filme. Escrito por Greene, que colaborou em uma trilogia de
filmes de suspense com Reed, sendo o mais conhecido deles, O Terceiro Homem. British Lion
Film Corporation/London Film Productions . 95 minutos.
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