Filme do Dia: The Times of Harvey Milk (1984), Rob Epstein



The Times of Harvey Milk









The Times of Harvey Milk (EUA, 1984). Direção e Rot. Original: Rob Epstein. Fotografia: Frances Reid. Mark Isham. Montagem: Rob Epstein & Deborah Hoffman. Dir. de arte: Michael McNail.

Documentário que narra a ascensão política do ativista gay Harvey Milk nos anos 1970, em San Francisco. Proveniente de Nova York e após tentar várias carreiras, Milk, que montara uma loja de fotografia em Castro Street, concorre duas vezes ao cargo de superintendente (o equivalente brasileiro ao vereador) e apenas consegue na terceira tentativa, quando as regras políticas são transformadas. Após ser empossado, ganha grande projeção no cenário político local, porém sua trajetória meteórica seria interrompida pelo súbito assassinato dele e do prefeito Moscone por um outro superintendente, Dan White, veterano do Vietnã que havia integrado as forças policiais, renunciado e tentara retornar ao cargo, mas tivera seu pedido de retorno rejeitado pelo prefeito. O documentário faz maciço uso das imagens de arquivo da televisão da época, assim como entrevistas com um círculo de pessoas próximas a Milk. Ainda que ninguém do outro lado do espectro político tenha sido ouvido, pode-se considerar esse filme mais moderado em suas análises que O Celulóide Secreto (1995), co-dirigido por Epstein, e que traça uma arqueologia da representação de personagens gays e lésbicos no cinema anglo-saxão. Epstein também dirigiria Parágrafo 175 (2000), que aborda a criminalização e envio aos campos de concentração alemães de homossexuais. O realizador certamente conta com a vantagem do carisma de seu retratado, que aliás seria representado pelo  cinema de ficção com  Milk, bastante inspirado em termos de narrativa e iconografia nesse filme; o que talvez involuntariamente demonstre o quão conservadora é a indústria cinematográfica norte-americana, provavelmente em maior medida por conta de sua preocupação com o retorno do investimento de suas produções,  onde a produção documental sobre o polêmico evento ocorre relativamente cedo – tão cedo que embora relate a liberdade de White não chega a alcançar seu suicídio, um ano após – mas leva um quarto de século para ganhar sua versão ficcional. Curiosamente aqui a cantora Anita Bryant, que teve um relativo destaque como opositora no filme de Van Sant, é citada de forma bastante rápida, no que talvez tenha sido uma estratégia dos produtores de evitar um processo. Mesmo com uma estrutura formal relativamente conservadora e um extenso uso de voz over, o filme consegue fugir um pouco da padronização excessiva dos dois documentários posteriores de Epstein, co-dirigidos com Jeffrey Friedman, talvez decorrente do maior suporte em termos de produção dos últimos.  Oscar na categoria. National Film Registry em 2012. Black Sand Prod./Pacific Arts para TC Films Int. 90 minutos.

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