Filme do Dia: Arraial do Cabo (1959), Paulo César Saraceni & Mário Carneiro


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Arraial do Cabo (Brasil, 1959). Direção: Paulo César Saraceni & Mário Carneiro. Rot. Original: Cláudio Mello e Souza. Fotografia: Mário Carneiro.

A vila de pescadores de Arraial do Cabo é o tema desse curta que, como outros de sua época (como é o caso de  Aruanda, de Linduarte Noronha, assim como o longa Barravento, de Gláuber Rocha) e se detém no universo dos pescadores. A voz over que empresta a dimensão sociológica que era característica em tal produção aqui não se faz tão persistente quanto no curta de Noronha e talvez o que resista de mais interessante seja o flagrante de diversas cenas do cotidiano da comunidade, observadas por uma veia poética, possibilitada apenas pela relação entre imagem, música de acordes básicos ao violão e montagem, aproximando-se por esse viés, do mais interessante curta contemporâneo Um Dia na Rampa (1960), de Luiz Paulino dos Santos, a respeito do mercado soteropolitano. Assim, observa-se crianças em seus jumentos e suas sombras escorrendo pelos muros, uma mulher passando a roupa, crianças girando em ciranda,  mulheres salgando o peixe trazido por seus homens e homens que sobem no alto de penhascos junto ao mar para sinalizarem para os companheiros que se encontram partindo ou chegando da pesca. Assim como alguns dos rituais associados à própria pesca. O que há de tradicional na comunidade, observa a narração, encontra-se ameaçado com a chegada de uma fábrica e a promessa de outra, voltada para o aproveitamento da baleia,  mão-de-obra a qual os pescadores resistem a fazer parte, segundo o mesmo, por conta de sua incapacidade de lidar com as máquinas, partindo para pescar em locais mais distantes. Ao final, em um pequeno comentário bem humorado, alguns membros da comunidade observam divertidos a dança entre dois homens em um bar. Narrado por Ítalo Rossi. 17 minutos.

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