Filme do Dia: Our New Errand Boy (1905), James Williamson




Our New Errand Boy (Reino Unido, 1905). Direção: James Williamson. Com: Tom Williamson, James Williamson.
Jovem (Tom Williamson)  que trabalha em uma loja de doces e que comete toda sorte de peraltices reencontra ao voltar a loja, para seu desgosto, com todos os que cometeu suas traquinagens, e que buscam algum tipo de punição. Ele foge e todas suas “vítimas”, assim como um policial,  correm atrás. Porém, mais uma vez, ele os consegue passar a perna, deixando-os presos em uma estrutura de vidro, fazendo troça a vontade de todos.
Esse filme pode ser considerado notável em relação aos seus congêneres franceses e americanos enquanto “filme de perseguição” ao menos por dois motivos. O tratamento mais diferenciado e atípico dos enquadramentos, mesmo que não apresentando uma codificação do espaço tão didática quanto seus contrapartes, demonstra ser muito mais dinâmico. É assim, por exemplo, ao não fazer uso do habitual plano que observa perseguidores e perseguidos cruzarem o quadro horizontalmente. Aqui, ao contrário, o garoto pula uma cerca e corre em direção à câmera, apresentando uma frontalidade não utilizada por aqueles. Alguns dos planos, como os finais, são filmados bem mais próximo dos atores, tornando a ação mais efetiva; algo que se torna particularmente interessante no plano final do garoto gozando da cara de suas vítimas, mais aproximado do que qualquer um de seus semelhantes americanos e franceses, direcionando em primeiro plano toda a sua perversa alegria em direção ao próprio espectador. Sem falar que o filme não se rende a formula de uma pequana motivação inicial ao qual se segue planos da perseguição por todo o restante, de forma um tanto maquínica. Aqui as traquinagens tomam boa parte da ação e a perseguição fica restrita somente aos momentos finais.  E, por fim, se era esperado algum tipo de recompensa ou vitória moral por parte dos lesados, o filme aponta numa direção completamente contrária, por exemplo, a das prédicas morais que se encontrarão cada vez mais evidenciadas a partir de 1908. Aqui, a desfaçatez com a ira de suas vítimas é ainda mais direta do que Tilly the Tomboy Visits the Poor (1910), a quem parece ter exercido influência no seu estilo diferenciado de filme de perseguição. As dissoluções, utilizadas no cinema clássico sobretudo como meio  de demarcar a realidade do mundo onírico, aqui, como se tornará pouco comum  depois, são utilizadas para a passagem de um plano a outro. Williamson Kinematograph Co. 5 minutos e 46 segundos.


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