Filme do Dia: Kama Sutra (1996), Mira Nair
Kama Sutra (Kama Sutra: A Tale of Love, EUA/Índia/Reino Unido/Alemanha/Japão, 1996)
Direção: Mira Nair. Rot.Original: Mira Nair&Helena Kriel. Fotografia:
Declan Quinn. Música: Richard Dasno. Montagem: Kristina Doden. Com: Khalid
Tiabji, Ramon Tikanan, Indira Varma, Rekha.
Século XVI. Maya (Tiabji), jovem hindu, provoca um
grande fascínio no príncipe que procura uma esposa. A esposa que lhe é indicada
é grande amiga de Maya, Tara. Na véspera da noite de núpcias, Maya vai até o
quarto do príncipe e faz amor com este. O irmão de Tara, apaixonado por Maya,
observa tudo e conta para sua mãe. Maya é expulsa e passa a viver como pária
até ser acolhida por um jovem escultor que observa quando se banha no Ganges.
Maya passa a viver com uma mulher, ex-cortesã, que ensina a prática do kama
sutra a futuras cortesãs. O escultor afirma que Maya é fonte de inspiração de
seus trabalhos em pedra. Os dois passam a se relacionar. Encanta Maya a
sensibilidade do jovem, ausente em todos os homens que tinha como referência,
principalmente no príncipe, cada vez mais devasso. Quando sente-se que se
encontra apaixonado por Maya, o escultor procura afastar-se temendo a
dependência e a força de seus sentimentos. Maya decide pedir a instrutora que
lhe ensine as práticas do Kama Sutra. O príncipe, conhecido do escultor, conhece
a escultura que fizera e quer conhecer sua musa inspiradora. Maya passa a
ser mais uma cortesã do príncipe. O príncipe
pede ao escultor que faça um trabalho para ele tendo Maya como modelo, mesmo
sabendo que este já fora apaixonado por ela. Maya e o escultor reatam, mas o
príncipe enfurecido ao saber pede a cabeça do escultor e condena-o à morte.
Maya reaproxima-se de Tara, que nada pode fazer para ajudá-la. Após a morte de
seu amor e a tomada da corte pelo irmão de Tara, só resta a Maya o consolo de
permanecer viva.
As
dificuldades do filme são muitas. Para começar narra uma história do século XVI
tendo como ótica moral os dias de hoje. O libertário feminismo precoce de nossa
heroína e a estupidez da sociedade opressora talvez fossem melhor retratados
sem a forte conotação moral. Já falariam por si próprios e, talvez, até com
maior impacto. Os Silêncios do Palácio,
por exemplo, trata o tema de forma até
mais panfletária, porém o filme é
ambientado já neste século, onde os valores da modernidade já se mesclavam aos
tradicionais na sociedade tunisiana. Para piorar o roteiro não ajuda em nada.
Frases como a de Maya - "Satisfação é meu departamento" ao retrucar
para a ex-amiga Tara, quando passa a ser uma das cortesãs do príncipe, e recusa
as vestimentas na sua autossuficiência soariam verossímeis em uma telenovela
contemporânea. Ou ainda a profunda constatação que a mestra em kama sutra faz
para Maya, depois dessa ter sido abandonada pelo escultor: "Às vezes, as
coisas não fazem sentido". Pérolas como essas parecem realmente fazer ainda menos sentido quando são proclamadas em inglês por atores - como é o caso
do escultor - sofríveis, como quando
este último declama que ela é sua "flower". Enfim, o típico filme
"indiano" para exportação. Mirabai Films. 117 minutos.
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