Filme do Dia: Jingle Jangle Jungle (1950), Seymour Kneitel
Jingle Jangle Jungle (EUA, 1950).
Direção: Seymour Kneitel. Rot. Original: Larry Riley & Joe
Stultz. Música: Winston
Sharples.
Esse curta de animação repleto de
estereótipos a respeito da África, parece ser uma suma do tom
sardônico-alucinado de um Tex Avery com a animação musicada dos anos 30; com
relação ao primeiro uma sucessão de gags que evocam as distinções entre a
cultura africana e a ocidental, por vezes fazendo uso de uma na outra, como na
evocação de um oásis de práticas modernas ou nos canibais com suas panelas de
pressão de última geração do lado apenas esperando a primeira vítima ou ainda
os africanos que carregam um colonizador na rede e ao atravessarem o rio saem
com um crocodilo metido a dândi, sendo a talvez mais infame de todas a que
inicia fazendo menção ao continente negro como aquele no qual a escuridão da
noite não se distingue da própria cor da pele de seus nativos; e como no caso
de Avery, as gags são costuradas pela narração de tons distanciados mas
levemente irônicos, marcando sua aproximação e ao mesmo tempo distanciamento de
semelhante uso pelo documentário contemporâneo. Quanto a participação musical
deve-se igualmente ressaltar suas diferenças com relação à produção dos anos
30. Aqui não somente o estilo musical é menos adocicado que a verve
conto-de-fadas daquela produção e se aproxima da música industrial
contemporânea (o jingle do título)
como o momento em que surge praticamente paralisa metade da duração da animação
para que seja acompanhada com sua letra, uma característica da série Screen Songs e que acena para o público
infantil que tem como alvo; portanto, enquanto os números musicais na produção
dos 30 coincidia também com o ápice das construções visuais, aqui ocorre o
oposto, com a subordinação da imagem à canção e sua letra. Tradição, no
entanto, que remonta ao menos a longevidade da série, existente já no final dos
anos 20 e já fazendo uso de tais recursos, portanto antes mesmo que o estilo de
animação da Silly Simphonies se
tornasse o padrão. Mesmo longe de alcançar as qualidades das animações que lhe
antecederam e com que de algum modo dialoga e repleto de situações
etnocêntricas, nem por isso se pretende rir apenas do elemento africano, como
na sua sequencia final, em que um leão-rei recusa a proposta de fazer parte de
um circo, mas acaba sendo “capturado” pelo dono de circo travestido de sensual
leoa (numa evocação de erotismo quase tão explícita quanto algumas criadas por
Avery alguns anos antes) e nadando todo o Oceano apenas para chegar em Nova
York e ser capturado numa jaula. Quando descobre o engodo e é vítima do riso do
proprietário, não deixa por menos e engole o mesmo regurgitando apenas seu
chapéu. Famous Studios para Paramount Pictures. 6 minutos e 36 segundos.
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