Filme do Dia: Os Filhos do Paraíso (1997), Majid Majidi
Os Filhos do Paraíso ( Bacheha-Ye aseman, Irã, 1997).
Direção: Majid Majidi. Rot.
Original: Majid Majidi. Fotografia:
Parviz Malekzaade. Montagem: Hassan Hassandust. Com: Mohammad Amir Naji, Fereshte Sarabandi e
Karnal Mirkarimi.
Menino procura desfazer o erro de ter
perdido o único sapato da irmã, sem que os pais saibam do ocorrido, já que o
pai não terá dinheiro antes do final do mês. Mesmo sofrendo, pelo fato dos
sapatos de tamanho maior que o seu sempre lhe causarem apuros, a menina aceita
a proposta do irmão de trocar de par, após a aula da última, tendo como
conseqüência o constante atraso do irmão para suas aulas e a repreensão por
parte do inspetor escolar. A irmã, por sua vez, começa a invejar o par de
sapatos de uma colega de classe. Procurando ganhar um dinheiro extra como jardineiro,
o pai das crianças leva o menino consigo para lhe auxiliar como jardineiro.
Depois de muita procura em um bairro rico, cuidam de um jardim de uma criança
que insiste em brincar com o menino. Seu pai fica satisfeito com a grande
quantia de dinheiro, mas a felicidade dura pouco já que ambos sofrem um
acidente de bicicleta. Disposto a todo custo a reparar o erro que fez a irmã, o
menino se inscreve em uma corrida, com o objetivo de conquistar o 3º prêmio um
par de tênis. Porém acaba chegando em 1º lugar. Posa para as fotos entristecido
e não consegue encarar a irmã, não sabendo que o pai se encontra a caminho de
casa com um par novo de sapatos para ambos.
Filme que segue
boa parte das diretrizes estéticas e narrativas que o cinema iraniano vem
construindo desde a década passada. Do tema procedente do universo infantil aos
tons pastéis da bela fotografia, do enredo minimalista ao forte teor moral,
passando por uma influência neo-realista – a seqüência em que pai e filho se
desgastam física e psicologicamente procurando emprego na bicicleta
irremediavelmente remete ao clássico Ladrões de Bicicleta (1949) de Vittorio de Sica. Mesmo com uma narrativa que por
vezes acentua situações que não são bem desenvolvidas – como o acidente na
bicicleta – e um apelo maior de ordem sentimental que outras produções
iranianas do gênero, o resultado final é cativante e passível de interessar
tanto crianças como adultos. Com um trabalho de câmera discreto, que acentua a
importância da montagem, o filme contém cenas de grande beleza visual, como a final, em que os pés cansados do menino se confundem com os peixes que
vivem no chafariz que existe em sua casa. Instituto para o Desenvolvimento
Intelectual de Crianças e Jovens. 89 minutos.
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