The Film Handbook#80: James Whale

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James Whale
Nascimento: 22/07/1889, Dudley, Inglaterra
Morte: 30/05/1957, Hollywood, Califórnia, EUA
Carreira (como diretor): 1930-1949

Mais conhecido pelos filmes de terror que dirigiu para a Universal nos primórdios dos anos 30, James Whale é melhor considerado por seu talento errático, excêntrico e grandemente original. Devido a raridade da circulação de sua obra não vinculada ao terror, sua versatilidade tem sido frequentemente subestimada hoje.

Whale iniciou a fazer seu nome no teatro, primeiro como ator e cenógrafo e depois como diretor. Sua produção londrina da peça anti-bélica Journey's End de R.C.Sheriff lhe proporcionou um convite à Hollywood onde, após ser diretor para sequencias de diálogos para Anjos do Inferno/Hell's Angels  de Howard Hughes, traduziria o seu grande sucesso teatral para o cinema: ambientado quase exclusivamente nas trincheiras da I Guerra Mundial, seu lamento por uma juventude perdida foi empolado e lento. Após uma adaptação teatral seguinte (o lacrimoso A Ponte de Waterloo/Waterloo Bridge) encontrou seu passo com uma versão do Frankenstein>1 de Mary Shelley, notável filme de horror bem sucedido que o estabeleceu tanto como um grande diretor da Universal (ele permaneceria com o estúdio até 1937) quanto revelaria um talento distintamente cinematográfico. A iluminação e cenários do filme foram visivelmente influenciados pelo Expressionismo, apesar do tom do filme de Whale ser mais leve que de seus equivalentes alemães, enquanto a simpatia que se estende em relação ao monstro (um infantilizado e involuntariamente vítima assassina igualmente das ambições de um cientista e de linchadores) foi crucial para o poder emocional do filme. Whale, no entanto, foi essencialmente um artista irônico e sua obra posterior foi memorável por seu engenhosidade sutil, sofisticada e frequentemente macabra. Em A Casa Sinistra/The Old Dark House>2, uma situação perigosa de jovens brilhantes reunidos em uma mansão gótica da propriedade de uma família bizarra de fanáticos religiosos, beberrões e piromaníacos é não somente impregnada de suspense gótico, mas permite a Whale parodiar as convenções do horror ainda quando as inventa; O Homem Invisivel/The Invisible Man se delicia no pastelão malicioso, absurdos estereótipos ingleses e efeitos especiais soberbos; enquanto A Noiva de Frankenstein/The Bride of Frankenstein>3 é uma hilariante sequencia com o monstro (astuciosamente revivido através de um prólogo que apresenta a própria Mary Shelley, posteriormente revivida como companheira do monstro) encontrando personagens variados e improváveis, incluindo um eremita cego e um imperturbável cientista louco que miniaturiza humanos. Central para o sucesso de cada um desses filmes foi a habilidade de Whale de extrair interpretações imaculadamente detalhadas dos atores ingleses: Karloff, Laughton, Elsa Lanchester e, mais que todos, Ernest Thesiger.

Ao mesmo tempo, no entanto, o humor negro e elegante do diretor, assim como seu estilo visual fluido também ornaram suas obras em outros gêneros. Quando a Luz Se Apaga/By Candlelight foi uma fútil farsa romântica sobre um valete que pretende ser seu aristocrático patrão a fim de cortejar uma princesa; Estigma Libertador/One More River, uma impecável história de divórcio entre membros da elite britânica; A Caravana da Morte/Remember Last Night? um filme de ação sutilmente satírico no qual um grupo de sofisticados empedernidamente devotos do álcool comete um assassinato em seu meio. Melhor de todos, no entanto, foi Magnólia/Show Boat>4; comovente, majestoso, engenhoso e terno, tendo sido excepcional tanto por sua lírica recriação da vida no Mississippi quanto por sua músicas magníficas (as inesquecíveis Bill de Helen Morgan e a espantosa Ol' Man River de Paul Robeson).

Colin Clive e Elsa Lanchester como o bom doutor e sua mais recente criação no soberbamente engenhoso A Noiva de Frankenstein, de Whale

A partir de então a carreira de Whale entrou em firme declínio. Quando The Road Back (sequência de Nada de Novo no Front/All Quiet on Western Front) foi montado pela Universal, ele abandonou o estúdio; seus filmes posteriores, charmosos e estilizados mas, em comparação, menores, incluem um retorno carinhoso ao universo do teatro (O Grande Garrick/The Great Garrick), uma refilmagem de Fanny de Pagnol (O Porto dos Sete Mares/Port of Seven Seas), um espadachim (O Máscara de Ferro/The Man in the Iron Mask), um épico na selva (Inferno Verde/Green Hell) e um filme de guerra (Proibidos de Amar/They Dare Not Love). Versatilidade deu lugar a inconstância e, em 1941, Whale abandonou o cinema para se concentrar na pintura. Em 1949 tentou um retorno com uma versão de Hello Out There de William Saroyan, episódio para filme de compilação que nunca foi lançado nos cinemas, vindo ele novamente a trabalhar ocasionalmente no teatro. Em 1957 foi encontrado morto, em "circunstâncias misteriosas", na sua piscina; uma nota sugeria que o adoecimento poderia tê-lo levado ao suicídio.

Se o declínio de Whale é difícil de compreender (certos escritores sugerem que sua homossexualidade pode ter sido um fator), seus filmes dos primórdios dos anos 30 estão entre os mais consistentemente engenhosos, inventivos e estilizados do período. Poucos diretores conseguiram combinar talento, auto-paródia, suspense e excelência técnica de forma tão atrativa.

Cronologia
Os filmes de horror de Whale são menos grotescos que os de Browning; apesar de sua versatilidade  e engenhosidade poderem ser comparadas com a de Mamoulian, Whale foi, em última instância, talvez, demasiado único em sua excentricidade.

Destaques
1. Frankenstein, EUA, 1931 c/Boris Karloff, Colin Clive, Mae Clarke

2. A Casa Sinistra, EUA, 1932 c/Charles Laughton, Melvyn Douglas, Raymond Massey

3. A Noiva de Frankenstein, EUA, 1935 c/Boris Karloff, Colin Clive, Ernest Thesiger

4. Magnólia, EUA, 1936 c/Irene Dunne, Allan Jones, Charles Winninger, Paul Robeson.

Texto: Andrew, Geoff. The Film Handbook. Londres; Longman, 1989, pp. 315-7.

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