Filme do Dia: A Bela do Bas-Fond (1958), Nicholas Ray
A
Bela do Bas-Fond (Party Girl, EUA,
1958). Direção: Nicholas Ray. Rot. Adaptado: George Wells, baseado no conto de
Leo Katcher. Fotografia: Robert J. Bronner. Música: Jeff Alexander. Montagem:
John McSweeney Jr. Dir. de arte: Randall Duell & Richard Pefferle.
Cenografia: Henry Grove & Richard Pefferle. Figurines: Helen Rose. Com:
Robert Taylor, Cyd Charisse, Lee J. Cobb, John Ireland, Kent Smith, Claire
Kelly, Corey Allen, Lewis Charles.
Anos 1920. Um advogado, Thomas Farrell (Taylor), cuja
virtuosidade é posta a venda na defesa de criminosos, sobretudo os ligados ao
poderoso gangster Rico Angelo (Cobb), decide mudar de vida quando encontra a
bela dançarina de casa noturna, Vicky Gaye (Charisse). Porém, sucumbe sempre a
pressão de Angelo para defender a causa de um de seus protegidos. Disputas
internas e a intervenção da polícia darão um fim brutal ao seu envolvimento com
Rico.
Filme menor na obra de Ray, mas mesmo assim não ausente de
trazer algumas qualidades, talvez a maior sendo a forma como lida com a tensão
que prenuncia um conflito aberto entre Farrell e Angelo, ainda que quando esse
de fato aconteça, seja subjugado por um evento maior, algo longe de raro em
termos de cinema – mesmo que aqui tendo como fonte a obra literária que o
inspirou. Os dois números musicais com Charisse surgem um tanto deslocados e a
câmera não deixa de se deter na parte de seu corpo que a tornou célebre, as
pernas, quase como numa piscadela marota dirigida ao espectador. O fato de,
como quase toda produção A da época, ser realizado em tela larga e com
technicolor típico do momento tampouco parece provocar nada visualmente
inspirado, quando se leva em conta filmes que fizeram uso de recursos
semelhantes como Casa de Bambu
(1955), de Samuel Füller ou Juventude
Transviada (1955), do próprio Ray. Talvez isso em grande parte se deva a
não existir propriamente um uso expressivo do espaço como naqueles. O trabalho
do elenco como um todo é de boa qualidade e o violento mafioso vivido por Cobb
deve ter servido como fonte de inspiração para tipos semelhantes nos filmes
realizados por Scorsese três décadas após, até mesmo nos esgares, ainda que
curiosamente Cobb soe menos caricato do que De Niro. Euterpe/MGM para MGM. 99
minutos.
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