Filme do Dia: A Dançarina de Izu (1933), Heinosuke Gosho
A Dançarina de Izu (Koi no Hana Saku Izu no Odoriko, Japão,
1933). Direção: Heinosuke Gosho. Rot. Adaptado: Akira Fushimi, a partir do
conto de Yasanuri Kawabata. Fotografia: Jôji Ohara. Música: Mikihiko Nagata.
Cenografia: Ryônosuke Akita, Takashi Kanasu & Noburô Kimura. Figurinos:
Tami Mitamura. Com: Kinuyo Tanaka, Den Obinata, Tokuji Kobayashi, Kinuko
Wakamizu, Eiko Takamatsu, Shizue Hyôdô, Jun Arai, Ryoichi Takeuchi.
Jovem
estudante, Mizuhara (Obinata) acompanha uma trupe de atores itinerantes e aos
poucos se dá conta que se encontra apaixonado por Kaoru (Tanaka), dançarina cujo irmão, Eikichi
(Kobayashi) havia recebido recentemente uma proposta aparentemente de cedê-la
como gueixa para o mestre (Arai) de uma das cidades que passaram. Quando
Mizhuhara toca no assunto com o mestre, esse afirma que fora mal compreendido,
que o pai dos irmãos havia sido muito amigo dele e que pretendia casar Kaoru
com seu filho, Ryûichi (Takeuchi). Mizuhara decide voltar para Tóquio para
retomar seus estudos e anuncia sua viagem no mesmo dia em que parte. Eikichi,
que também já se encontra enlevada por ele, fica inconsolável. Mizuhara afirma
que um futuro feliz lhe espera no casamento com Ryûichi. Seu choro persiste.
Por fim, ele afirma que a ama e lhe entrega uma caneta de lembrança,
pedindo-lhe um adereço de cabelo.
Curiosamente
algumas cartelas surgem a partir da perspectiva do grupo itinerante mas que não
é ancorado em nenhum diário ou algo similar, deixando evidente que é uma forma
de comunicação com os próprios
espectadores. Ainda que os créditos façam referência ao autor das músicas,
essas deviam ser indicadas para serem apresentadas no momento da projeção, já
que se trata de uma produção muda. Seu final, melancólico, mesmo que
potencialmente sinalizando para um comprometimento futuro a partir das
lembranças trocadas – algo como um noivado informal e a sugestão de cartas a
serem trocadas – parece na medida e evitando o final feliz convencional, assim
como outras produções da época, notadamente Sr. Obrigado, de final bem mais incerto para o casal que
pretensamente se anuncia. Seu teor romântico se encontra a anos-luz do realismo
menos adocicado do referido filme de Shimizu, que faz constantes referência a
crise econômica que assola o país ou do ainda mais crítico Sadao Yamanaka (Humanidade e Balões de Papel). O estilo floreado e pouco direto de Gosho se
reflete, por exemplo, na metragem do filme (enquanto a maior parte da produção
contemporânea japonesa se situa entre 60 e 75 minutos) e no vagar com que vai
consolidando as situações dramáticas, algo que pode ser incentivado pelo seu
gosto por adaptações da literatura.
Aliás, o conto voltou a ser adaptado mais quatro vezes para o cinema em
vinte anos (1954-74), sendo a última adaptação como animação. Shochiku Co./Shôchiku Eiga. 94 minutos.
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