Filme do Dia: Hollywood on Trial (1976), David Helpern
Hollywood on Trial
(EUA, 1976). Direção: David Helpern. Rot. Original: Arnie Raisman. Fotografia: Barry Abrams. Montage: Frank
Galvin.
Documentário que traça todo o percurso que vai
das primeiras investidas anti-comunistas em reação aos direitos trabalhistas
com relação a exploração dos trabalhadores durante a Grande Depressão (tema do
contemporâneo Union Maids) até a
paranoica e pouco democrática (apenas havia direito de resposta como “sim” ou
“não”) ação empreendida inicialmente por J. Parnell Thomas – ele próprio preso
pouco tempo depois – contra a indústria cinematográfica. Fazendo extenso uso de
material da época (que o filme Trumbo,
assim como o documentário homônimo, de 1997, décadas depois fariam grande uso,
inclusive reconstituindo dramaticamente a entrevista aqui incluída quando da
polêmica sobre o anonimato do vencedor da
categoria de roteiro original e que Trumbo assume a autoria, iniciando o
processo de desmoralização da Lista Negra, no caso do primeiro). Sobretudo o
que é relativo aos próprios depoimentos e a formação dos “Dez de Hollywood”, que
viriam a ser efetivamente processados por sua associação com o comunismo – o
que não quer dizer, evidentemente que foram os únicos a sofrerem revezes, já
que a lista soma mais de três centenas somente entre atores e diretores. E
também entrevistas contemporâneas ao processo de confecção do próprio
documentário com alguns dos diretamente envolvidos incluindo Otto Preminger,
Dalton Trumbo e Ring Lardner Jr. A propraganda anti-comunista do período não
poupa o preconceito contra os hispânicos, entre as lideranças repletas de
ódio. Houve os que não colaboraram com as investigações e entraram
imediatamente na lista negra como Arthur Miller, Zero Mostel. Houve os
colaborativos como Elia Kazan e o próprio Edward Dmytryk, um dos que fazia
parte originalmente da lista dos 10 de Hollywood, Lloyd Bridges, os roteiristas
Budd Schulberg, Leo Townsend - que
delatou ninguém menos que 40 – , Millard
Lampell, Alvah Bessie e Lester Cole. Não apenas simpatizantes da causa
comunista prestam seu depoimento, como é o caso de Reagan. O filme faz uso de recursos
estilístico-visuais limitados em sua constante repetição, envolvendo
entrevistas, reproduções de artigos de jornais da época, imagens de arquivo,
sendo que no caso das últimas, as fotografias, habitualmente aproximadas após
uma visão mais aberta, ganham grande destaque. Na mesma época dessa produção
surge o ficcional Testa de Ferro por
Acaso, de Martin Ritt, referido nesse filme quando se encontrava em
processo de produção, entrevistando Ritt e Zero Mostel, assim como o roteirista
Walter Bernstein. Um dos pontos altos do documentário é quando a montagem
contrapõe a entrevista célebre de Trumbo em que ele afirma que cerca de 250
pessoas da comunidade cinematográfica foram boicotadas com a visão de colaboradores
do Comitê de Atividades Anti-Americanas como Dmytryk ou William Wheeler. A produção ficcional sobre Trumbo, de 2015 também tira partido das entrevistas do próprio e de Otto Preminger sobre o
episódio de ruptura importante com o boicote, que foi creditar o roteirista no
filme Exodus. Indicado ao Oscar da
categoria. Narrado, em trechos relativamente modestos, por John Huston, um dos
simpatizantes liberais que inicialmente se indispõe contra o cerceamento a
indústria e chegou a viajar a Washington em protesto. Seu título foi extraído
do relato pessoal de um dos roteiristas enquadrados na lista negra, Gordon
Kahn. Cinema Associates. 102 minutos.
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