Filme do Dia: O Rolls-Royce Amarelo (1964), Anthony Asquith


O Rolls-Royce Amarelo Poster

O Rolls-Royce Amarelo ( The Yellow Rolls-Royce, EUA,1964). Direção: Anthony Asquith. Rot. Original: Terence Rattigan. Fotografia: Jack Hildyard. Música: Riz Ortolani. Montagem: Frank Clarke. Dir. de Arte: Vincent Korda, William Kellner & Elliot Scott. Ceografia: Pamela Cornell &  John Jarvis. Firuginos: Edith Head & Pierre Cardin. Com: Ingrid Bergman,  Rex Harrison,  Shirley MacLaine,  Jeanne Moreau,  George C. Scott,   Omar Sharif,   Alain Delon,  Art Carney,  Joyce Grenfell,  Isa Miranda.
        Inglaterra. O Marquês de Frinton (Harrison), em uma recepção faustosa que comemora o aniversário de sua esposa (Moreau), decide lhe fazer uma surpresa e chama todos os convidados e a esposa para ver o Rolls-Royce amarelo que lhe comprou. Porém, a Marquesa se encontra menos interessada no carro do que em continuar com sua relação extraconjugal com um jovem. Eles vão à uma corrida de cavalos e, avisado por uma indiscreta amiga, o Marques flagra sua esposa com o jovem amante no carro. Presa das convenções sociais, decide não pedir o divórcio, mas sim vender o carro, para apagar da memória a triste lembrança. Quem o compra é um gangster ítalo-americano caipira e novo-rico, Paolo Maltese (Scott). Ele pretende dá-lo de presente a noiva Mae Jenkins (MacLaine). Ela lhe decepciona com sua ignorância e pouco interesse com relação aos monumentos italianos em Pisa. Porém não demonstra o mesmo desinteresse pelo paparazzi Stefano (Delon), que reencontram em plena ação - param o carro e descem cuidadosamente pensando tratar-se de um cadáver, quando na verdade se trata de Stefano escondido em uma moita procurando flagrar uma jovem que se banha nua em uma piscina. Para se desculparem por terem feito ele perder um bom dinheiro com sua foto, Maltese o convida para um carona com eles. Logo, no entanto, percebe a atração entre sua esposa e o fotógrafo e decide ir embora. Inesperadamente, tem que ir resolver um caso em Miami, para a alegria da noiva, mas decide ir só, deixando-a entregue aos cuidados do motorista e amigo Joey (Carney). Logo, ela se sente entediada e busca o jovem Stefano em sua província. Eles vivem um caso de amor, sob a vista condescendente de Joey. Maltese, no entanto, retorna dos EUA, e Jenkins deixa  prevalecer a racionalidade,  rompendo seu relacionamento com Stefano, que assiste ela partir para uma vida que ele não poderia lhe proporcionar. Quando retornam aos EUA vendem o carro. Quem o compra é uma influente senhora, amiga do presidente Roosevelt, Gerda Millet (Bergman), que aceita a perigosa missão de levar incógnito em seu bagageiro, um líder da resistência iuguslava na época da Segunda Guerra, Davich (Sharif). Logo após cruzar a fronteira, onde utiliza de seus contatos para que não revistem seu carro, pede que ele se retire. A reencontrará no hotel onde se encontra hospedada e faz com que vá com ele ajudar às vítimas e levar guerrilheiros em seu carro, sendo saudada como heroína pela população do povoado. Mesmo tendo recebido o convite para permanecer com Davich, com quem desenvolve uma forte ligação emotiva, decide retornar a seu mundo, embarcando o rolls-royce para os EUA.
Antiquado já para os padrões da época em que foi lançado, o filme é representante do final do sistema de estúdios em Hollywood, repleto de cacoetes da década anterior - de quem é herdeiro direto, seja na fotografia exuberantemente não realista de Hildyard ou no clacissismo dos planos ou ainda no roteiro romântico e marcado pela superficialidade característica da produção mais convencional do período. Acrescenta a estes elementos, outra característica utilizada já a partir da década anterior, mais incensada com mais intensidade nos anos 60, que é a do super-elenco, outra forma de concorrer com a presença cada vez mais forte da televisão. Todos os clichês possíveis sobre a grosseria e pouco refinamento dos gangsters, a sedução dos italianos, a elegância dos ingleses e a estupidez dos americanos são utilizados, uma característica que era compartilhada, na época, até por cineastas de maior prestígio e virtuosidade como Hitchcock. Utilizando-se do leitmotif do Rolls-Royce para unir três histórias diversas, que possuem em comum relacionamentos mal sucedidos e a classe social dos possuidores do veículo, Asquith, cineasta associado com a comédia inglesa dos anos 50, em seu último filme,  segue o exemplo de filmes como Madame De... (1953) de Ophüls, onde é um par de brincos que passa de mãos em mãos. O resultado, sem dúvida, é bem menos inspirado. De todos o episódios, de qualquer forma, o mais interessante é, de longe, o do mafioso ítalo-americano e sua bela noiva - as cenas em que Maclaine contracena com Delon, discretas porém extremamente sugestivas,  são de grande sensualidade. MGM. 122 minutos.


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