Filme do Dia: Tintin e Eu (2003), Anders Ostergaard
Tintin e Eu (Tintin
og Mig, Dinamarca/Finlândia, 2003). Direção e Rot. Original: Anders
Ostergaard. Fotografia: Simon Plum. Música: Halfdan E & Joachim Holbek.
Montagem: Anders Villadsen.
Este
sensível e criativo documentário tem como base uma gravação em áudio de uma
entrevista realizada no início da década de 1970 com Hergé, o criador do famoso
personagem dos quadrinhos Tintin, por Numa Sadoul (aliás o filme faz o
entrecruzamento, em vários momentos, entre a fala de Hergé e o comentário a posteriori de Sadoul). A educação
católica de Hergé associada a sua experiência no escotismo foram fundamentais
para sua visão de mundo, mesmo quando tentasse se livrar de muitos dos efeitos
colaterais – principalmente com relação à influência católica – provocaram em
sua vida. O próprio Hergé faz questão de identificar muitos dos personagens e
situações dos quadrinhos que ilustravam suas próprias dificuldades pessoais,
como a dificuldade que foi para ele se separar de sua esposa e assumir uma
relação extra-conjugal. Da mesma forma o filme enfatiza o quão as narrativas de
Tintin reproduzem muito da própria história do século XX e procuram complementar
a influência dos dramas existenciais do desenhista sobre sua obra, através de
uma chave psicanalítica. A partir do momento que o artista se sente mais
realizado, em termos pessoais, passa a se dedicar menos ao seu trabalho, que
seria uma expressão de sua própria angústia e incerteza. Alguns especialistas
no desenhista traçam comentários, e algumas imagens do próprio Hergé sendo
entrevistado (transformadas, num sofisticado recurso visual, em animação
sobreposta a ação ao vivo), além de cenas de arquivo – como um inesperado
encontro com o mito da pop art Andy Warhol ou o reencontro do artista com o
chinês que lhe influenciara profundamente no início de sua carreira e que
perdera contato por muitas décadas – complementam o painel sobre o artista. Realizado
em vídeo. Angel Production/FST. 75 minutos.
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