The Film Handbook#78: D.A.Pennebaker



D.A.Pennebaker
Nascimento: 15/07/1925, Evanston, Illinois, EUA
Carreira (como diretor): 1953-

A importância de Don Alan Pennebaker reside menos na verdadeira qualidade de seus filmes, e mais em sua contribuição para o desenvolvimento de novas formas de realização de documentários no final dos anos 50 e anos 60. Um membro veterano do movimento conhecido como Cinema Direto, ajudou os métodos pioneiros de reportagem que exerceriam grande influência na obra de não ficção tanto do cinema como da televisão.

Com formação em engenharia, Pennebaker realizou sua estreia no cinema com Daybreak Express, uma deliciosamente atmosférica e algumas vezes abstrata colagem de imagens de Nova York com música de Duke Ellington. Porém foi  sua obra dos primórdios dos anos 60 com o grupo de realizadores da Drew Associates (incluindo Richard Leacock e Albert Maysles) que o levou ao primeiro plano do documentário americano. Empregando desenvolvimentos técnicos recentes como câmeras mais leves, filmes mais velozes e melhor equipamento para gravação de áudio, o grupo se tornou capaz de se afastar dos documentários polidos e altamente estruturados, geralmente em estilo narrativo, até então a norma no gênero, em direção a uma observação (tal como uma mosca na parede) mais objetiva de eventos e pessoas, com a câmera discretamente registrando mais que criando imagens. Portanto Primárias/Primary (sobre as campanhas presidenciais rivais de John F.Kennedy e Hubert Humphrey), Eddie (um retrato sobre o piloto de corridas Eddie Sachs) e The Chair (sobre as tentativas de advogados de revogar uma pena capital à prisão perpétua) nunca adotam uma atitude explícita em relação a seus temas, que simplesmente falam por si próprios.

O interesse de Pennebaker pelas artes perfomáticas já pode ser apreciada tanto em Jane (com Jane Fonda se preparando para uma nova peça) e Lambert and Co., registro de uma audição dada pelo cantor de jazz Dave Lambert; e  Don't Look Back>1, registro da turnê britânica de Bob Dylan pela Inglaterra é um retrato cru e com imagens granuladas, mas perspicaz de uma figura cult de liderança lidando com a imprensa, seus fãs e seu empresário; enquanto Monterey Pop>2 - primeiro e melhor dos filmes realizados sobre festivais de rock - captura de forma gloriosa o ethos de paz e amor do movimento hippie (assim como as numerosas performances admiráveis com câmeras estrategicamente localizadas), sem depender da defesa propagandística que arruinou Woodstock ou da visão retrospectiva imediata que marcou Gimme Shelter, dos Irmãos Mayles. Os filmes de Pennebaker de concertos posteriores (Keep on Rockin' com Chuck Berry, Little Richard, Bo Diddley e outros; Ziggy Stardust and  the Spiders from Mars com David Bowie) são notáveis sobretudo por sua simplicidade; mais ambicioso e cinematograficamente compensador são One PM (que combina de forma bem sucedida imagens filmadas e abandonadas de Godard para um filme chamado One AM, com as próprias filmagens de Pennebaker do francês em ação) e Town Bloody Hall>3, um hilariante e inteligentemente filmado e editado registro de um acalorado debate público sobre o feminismo apresentando figuras como Norman Mailer, Germaine Greer e Susan Sontag, e uma participação entusiasmada do público.

Que Pennebaker se afaste da análise pode ser limitante, assim como seu foco na música; mas sua habilidade em preservar o espírito de um evento através de uma colocação cuidadosa das câmeras e da montagem o marcam como um cronista superior e despretensioso do entretenimento popular e de figuras públicas. Sua maior virtude é a clareza.

Cronologia
Juntamente com Leacock e David e Albert Maysles, Pennebaker tem influenciado documentaristas como Fred Wiseman e Robert Mugge (também especialista em música) assim como os mais politicamente orientados Emile De Antonio e Haskell Wexler. O cinema direto difere do cinema vérite a partir do momento que adota como seu ideal uma câmera invisível, enquanto o etnógrafo Jean Rouch, por exemplo, considera a câmera como um catalisador entre o realizador e seu tema.

Destaques
1. Don't Look Back, EUA, 1965 c/Bob Dylan, Joan Baez, Donovan, Albert Grossman

2. Monterey Pop, EUA, 1968 c/Jimi Hendrix, Otis Redding, Ravi Shankar, The Who, etc.

3. Town Bloody Hall, EUA, 1979 c/Norman Mailer, Germaine Greer, Diana Trilling

Fonte: Andrew, Geoff. The Film Handbook. Londres: Longman, 1989.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: El Despojo (1960), Antonio Reynoso

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng