The Film Handbook#45: Jules Dassin
Jules Dassin
Nascimento: 18/12/1911, Middletown, Connecticut, EUA
Morte: 31/03/2008, Atenas, Grécia
Carreira (como diretor): 1941-80
Ironicamente, quanto mais liberdade artística Julius Dassin ganhou, menos satisfatória sua obra se tornou. Boa parte dela é pretensiosa, enfadonha, mesmo risível. Porém, por um breve período de tempo ao final dos anos 40, encontrou seu nicho como um diretor de filmes de suspense rigorosos e anti-sentimentais.
Após atuar no teatro de Nova York (ele frequentemente aparece em seus próprios filmes sob o pseudônimo de Perlo Vita) e escrever para o rádio. Dassin foi convidado por Hollywood onde logo se graduaria ao dirigir filmes de suspense e comédias nada surpreendentes. Em 1947, no entanto, ele realizaria Brutalidade/Brute Force>1 para o produtor Mark Hellinger, seguido por Cidade Nua/Naked City, ambos saudados por sua tendência em direção ao intrépido realismo e uso extensivo de filmagens em locações. Brutalidade foi mais elaborado. Foi um forte drama prisional, aprimorado por sua crua e nada glamorosa descrição da violência no qual companheiros guiam um informante para sua morte com tochas e uma fuga da prisão que termina numa carnificina. Foi também uma alegoria explícita das realizações do Fascismo (o sádico e todo-poderoso chefe da guarda escuta Wagner). Em Cidade Nua, entretanto, a suposta honestidade de sua narrativa de um caso sobre investigação de um assassinato comandado por um adorável tira irlandês e seu jovem assistente hoje aparenta ser controversa. Enfatizando não o heroísmo, mas a forte trapaça da equipe policial, foi uma frequentemente sentimental glorificação do homem comum, os ricos sendo observados como devassos, vaidosos e criminosos e notável principalmente por uma perseguição que tem seu clímax nas vigas cinzas da Ponte Williamsburg, de Nova York.
A mescla de crítica social, discreto realismo e cinema noir vieram novamente à tona em Mercado de Ladrões/Thieve's Highway (a história de um solitário motorista de caminhão lutando em nome do livre comércio contra uma gangue de atacadistas) e o mais abertamente expressionista Sombras do Mal/Night and the City>2. Transpondo criativamente motivos centrais do cinema noir - assassinato, traição, paranoia - para um submundo londrino de boates decadentes e articulação de brigas e povoando seu inferno urbano com uma galeria de monstros morais e físicos, escravos dos sonhos de dinheiro fácil e uma vida de poder. Infelizmente, no entanto, nos testemunhos da Comissão de Assuntos Inter-Americanos dos idos dos anos 50, Edward Dmytryk identificou Dassin como comunista e a pérfida lista negra de Hollywood o tornou desempregado.
Emigrando para a Europa, realizou o ocasionalmente impressionante suspense Rififi/Du Rififi Chez Les Hommes>3, celebrado por uma sequencia de roubo sem som de quase 30 minutos. Desde então, mudou-se para a Grécia aonde encontrou a atriz Melina Mercouri (eles se casariam em 1966), que estrelou muitos de seus filmes posteriores. A despeito do sucesso de Nunca aos Domingos/Never on Sunday e Topkapi - o último, um semi-cômico filme de assalto modelado em Rififi - a obra europeia de Dassin foi profundamente desapontadora. Suas evidentes pretensões de "seriedade" - tanto Profanação/Phaedra quanto A Dream of Passion/Kravgi Gynaikon foram ridículas adaptações da tragédia grega - arruinados pela dependência do extravagante, incoerentes e exagerado melodrama.
Esforçando-se por algo significativo, Dassin se tornou uma figura crescentemente marginal e aposentou-se como realizador em 1980. Como muitos outros, as restrições dos gêneros hollywoodianos pareciam controlar suas ambições artísticas ornamentais alimentando, assim, sua obra mais possante.
Nascimento: 18/12/1911, Middletown, Connecticut, EUA
Morte: 31/03/2008, Atenas, Grécia
Carreira (como diretor): 1941-80
Ironicamente, quanto mais liberdade artística Julius Dassin ganhou, menos satisfatória sua obra se tornou. Boa parte dela é pretensiosa, enfadonha, mesmo risível. Porém, por um breve período de tempo ao final dos anos 40, encontrou seu nicho como um diretor de filmes de suspense rigorosos e anti-sentimentais.
Após atuar no teatro de Nova York (ele frequentemente aparece em seus próprios filmes sob o pseudônimo de Perlo Vita) e escrever para o rádio. Dassin foi convidado por Hollywood onde logo se graduaria ao dirigir filmes de suspense e comédias nada surpreendentes. Em 1947, no entanto, ele realizaria Brutalidade/Brute Force>1 para o produtor Mark Hellinger, seguido por Cidade Nua/Naked City, ambos saudados por sua tendência em direção ao intrépido realismo e uso extensivo de filmagens em locações. Brutalidade foi mais elaborado. Foi um forte drama prisional, aprimorado por sua crua e nada glamorosa descrição da violência no qual companheiros guiam um informante para sua morte com tochas e uma fuga da prisão que termina numa carnificina. Foi também uma alegoria explícita das realizações do Fascismo (o sádico e todo-poderoso chefe da guarda escuta Wagner). Em Cidade Nua, entretanto, a suposta honestidade de sua narrativa de um caso sobre investigação de um assassinato comandado por um adorável tira irlandês e seu jovem assistente hoje aparenta ser controversa. Enfatizando não o heroísmo, mas a forte trapaça da equipe policial, foi uma frequentemente sentimental glorificação do homem comum, os ricos sendo observados como devassos, vaidosos e criminosos e notável principalmente por uma perseguição que tem seu clímax nas vigas cinzas da Ponte Williamsburg, de Nova York.
A mescla de crítica social, discreto realismo e cinema noir vieram novamente à tona em Mercado de Ladrões/Thieve's Highway (a história de um solitário motorista de caminhão lutando em nome do livre comércio contra uma gangue de atacadistas) e o mais abertamente expressionista Sombras do Mal/Night and the City>2. Transpondo criativamente motivos centrais do cinema noir - assassinato, traição, paranoia - para um submundo londrino de boates decadentes e articulação de brigas e povoando seu inferno urbano com uma galeria de monstros morais e físicos, escravos dos sonhos de dinheiro fácil e uma vida de poder. Infelizmente, no entanto, nos testemunhos da Comissão de Assuntos Inter-Americanos dos idos dos anos 50, Edward Dmytryk identificou Dassin como comunista e a pérfida lista negra de Hollywood o tornou desempregado.
Emigrando para a Europa, realizou o ocasionalmente impressionante suspense Rififi/Du Rififi Chez Les Hommes>3, celebrado por uma sequencia de roubo sem som de quase 30 minutos. Desde então, mudou-se para a Grécia aonde encontrou a atriz Melina Mercouri (eles se casariam em 1966), que estrelou muitos de seus filmes posteriores. A despeito do sucesso de Nunca aos Domingos/Never on Sunday e Topkapi - o último, um semi-cômico filme de assalto modelado em Rififi - a obra europeia de Dassin foi profundamente desapontadora. Suas evidentes pretensões de "seriedade" - tanto Profanação/Phaedra quanto A Dream of Passion/Kravgi Gynaikon foram ridículas adaptações da tragédia grega - arruinados pela dependência do extravagante, incoerentes e exagerado melodrama.
Esforçando-se por algo significativo, Dassin se tornou uma figura crescentemente marginal e aposentou-se como realizador em 1980. Como muitos outros, as restrições dos gêneros hollywoodianos pareciam controlar suas ambições artísticas ornamentais alimentando, assim, sua obra mais possante.
Cronologia
Na melhor obra de Dassin, sua crítica social e filmagens em locações é equiparável a do primeiro Kazan, Polonsky, Rossen, Henry Hataway e Richard Brooks (que escreveu Brutalidade). Cidade Nua inspirou uma longa série de televisão de mesmo nome.
Leituras Futuras
Underworld USA (Londres, 1972), de Colin McArthur
Destaques
1. Brutalidade, EUA, 1947 c/Burt Lancaster, Hume Cronyn, Charles Bickford
2. Sombras do Mal, EUA, 1950 c/Richard Widmark, Googie Whiters, Francis L. Sullivan
3. Rififi, França, 1954 c/Jean Servais, Magali Noel, Carl Mohner, Dassin
Texto: Andrew, Geoff. The Film Handbook. Londres: Longman, 1989, pp. 71-2.
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