Filme do Dia: Garotas de Futuro (1997), Mike Leigh

Garotas de Futuro (Career Girls, Reino Unido, 1997). Direção e Rot. Original:  Mike Leigh. Fotografia: Dick Pope. Música: Marianne Jean-Baptiste &  Tony Remy. Montagem: Robin Sales. Dir. de arte: Eve Stewart & Helen Scott. Com: Katrin Cartlidge, Lynda Steadman, Kate Byers, Mark Benton, Andy Serkis, Joe Tucker, Margo Stanley, Michael Healy.
      Annie (Steadman) retorna, após 6 anos a Londres, onde reencontra a amiga com quem dividiu um apartamento por quatro anos Hannah (Cartlidge). Hannah se encontra mais bem situada economicamente e com aparência de mulher madura, enquanto Annie livrou-se, em grande parte, da insegurança crônica e das eczemas na pele que lhe provocavam um sentimento de inferioridade. Durante esse final de semana as recordações não apenas povoam a mente da dupla, como tornam-se estranhamente presentes corporalmente. Nesse curto espaço de tempo reencontram pessoas com quem conviveram: a terceira garota com quem dividiam o apartamento, Claire (Byers); um rapaz gordo e confuso que fora apaixonado por Annie, Ricky (Benton) e um rapaz que se envolvera com as duas, Adrian (Tucker).
     Esse sensível drama do cineasta Leigh comprova sua habilidade para lidar com emoções e relacionamentos afetivos familiares (como em Segredos e Mentiras) e de amizade, sem cair no sentimentalismo fácil e, ao mesmo tempo, apresentando uma visão profundamente digna, humana e apaixonada de seus personagens. Marcado pela sutileza, o filme explora a amizade (de contornos quase homo-eróticos, de que chegam a ser acusadas por várias pessoas) e a busca de proteção de duas pessoas que se deparam com a tarefa de vivenciar o dia-a-dia de Londres, sem maior segurança emocional ou financeira. Com a passagem dos anos, mesmo que tendo conquistado uma maior estabilidade econômica, as duas amigas ainda não encontraram os homens de suas vidas. A narrativa, embora marcadamente realista e permeada por flashbacks, também utiliza-se de expedientes como o que faz com que as protagonistas literalmente revisitem seu passado, ao reencontrar as pessoas que dele fizeram parte. A trilha, que pontua toda a ação de forma pouco ortodoxa, é composta de acordes de um jazz com tons de bossa. Grande interpretação de Cartlidge, atriz que já havia demonstrado sua força em filmes como Ondas do Destino e Nu (1993), igualmente de Leigh. Channel/Matrix Film & Television Partnership/Thin Man Productions. 87 minutos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: El Despojo (1960), Antonio Reynoso

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng