Filme do Dia: O Casamento (1976), Arnaldo Jabor
O
Casamento (Brasil, 1976). Direção: Arnaldo Jabor. Rot. Adaptado: Arnaldo Jabor,
baseado no romance de Nélson Rodrigues. Fotografia: Dib Lutfi. Montagem: Rafael
Valverde. Cenografia e Figurinos: Francisco Altan & Mara Chaves. Com:
Adriana Prieto, Paulo Porto, Camila Amado, Nélson Dantas, Érico Vidal,
Fregolente, Mara Rúbia, Carlos Kroeber, André Valli, Cidinha Millan.
Glorinha (Prieto) se encontra às vésperas de de seu
casamento quando uma série de revelações atormentam ela e seu círculo de
familiares e amigos. Dr. Camarinha (Fregolente), amigo de Sabino (Porto), seu
pai, afirma que o noivo de Glorinha é homossexual. Glorinha, por sua vez,
revela para ele que fora amante de seu filho morto há um ano atrás, Antônio
Carlos (Vidal). Sabino revela para Noêmia (Amado), sua secretária com quem
acaba tendo uma relação sexual, que vivenciara uma prática homossexual quando
criança e a chama pelo nome da filha. Noêmia, por sua vez, amante de Xavier
(Dantas), que vive com uma mulher leprosa (Rúbia) que há muito não faz mais que
cuidar, revela para ele que não pretende mais ser sua amante. Glorinha se dirige
com o pai para uma praia deserta, onde faz insinuações que o ama e, quando
beijada pelo pai, corre desesperada e afirma para a mãe que o pai tentara lhe
violentar. Xavier, por sua vez, assassina Noêmia no escritório. Completamente
aturdido, Sabino sai da cerimônia de casamento da filha e se entrega como o
assassino de Noêmia.
Segunda adaptação da
obra de Rodrigues realizada por Jabor e sem a mesma força que a anterior, Toda Nudez Será Castigada (1972).
Optando aqui por uma versão menos escrachada que conscientemente buscando se
tornar incômoda em seu excesso, acaba não realizando de todo seu intento,
apesar da insistência na duração de alguns planos e situações (ambas
estratégias que já haviam sido delineadas pelo Cinema Marginal com ainda mais radicalismo).
Esse fracasso parcial se deve, em grande parte, a um trabalho de direção de
atores mais precário que na produção anterior e uma ambiguidade presente no
patético e no excessivo tom melodramático limítrofes do cômico. Talvez tal se dê, em grande parte, já que
todo o desespero e niilismo histéricos dos personagens do Cinema Marginal
quando filtrados a partir de uma chave mais realista soarem excessivos. Também
parece flertar com o apelo erótico de uma maneira gratuita com mais intensidade
que na produção anterior. Como no filme anterior, e aqui de uma maneira mais
complexa, a trama narrativa é tecida grandemente com a utilização de flashbacks. O próprio cineasta, ao lançar as cópias em
VHS e DVD fez uma nova versão, 15 minutos mais curta, atenuando o que ele
acreditava ser por demais excessivo no filme, talvez retirando igualmente muito
do próprio propósito do original. Ventania Prod. Cinematográficas/Sagitário
Filmes/ Produções Cinematográficas Roberto Farias. 110 minutos.
parabéns, não tinha percebido a influência do cinema marginal, que eu amo. Acho que O Casamento é igual vinho, quanto mais o tempo passa melhor fica.
ResponderExcluirObrigado! Que ótimo, pois também gosto bastante das duas adaptações de Rodrigues por Jabor nos anos 70.
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