Filme do Dia: Noites Brancas (1957), Luchino Visconti
Noites
Brancas (Le Notti Bianchi,
Itália/França, 1957). Direção: Luchino Visconti. Rot. Adaptado: Suso Cecchi
D`Amico, baseado no romance Belye Noci,
de Fiódor Dostoievski. Fotografia: Guiseppe Rotunno. Música: Nino Rota.
Montagem: Mario Serandrei. Dir. de arte: Mario Chiari. Cenografia: Enzo Eusepi.
Figurinos: Piero Tosi. Com: Maria Schell, Marcello Mastroianni, Jean Marais,
Marcela Rovena, Maria Zanoli, Elena Fancera, Lanfranco Cecarelli, Ângelo
Galassi.
Mario (Mastroianni), homem solitário, apaixona-se pela jovem
Natalia (Schell) que lhe conta sobre sua vida. Possuindo apenas uma velha avó,
que aluga quartos, tem como inquilino um misterioso homem (Marais), por quem
Natalia se apaixona perdidamente e que afirma que retornará em um ano. Ele não
pede que Natalie seja fiel durante o período, ainda que ela o seja. Somente
quando acredita que ele não retornará e depois de lhe ter enviado uma carta que
Mario jogou ao rio, ela parece demonstrar interesse em ter um envolvimento
amoroso com Mario, acreditando pela primeira vez que Mario se encontrava
correto a respeito de sua ingenuidade. Na mesma noite em que tudo parece
inclinado a essa nova situação, Natalia revê o homem na ponte e vai a seu
encontro, despedindo-se de Mario, que a agradece pelo breve momento de
esperança e felicidade.
Deslumbrantemente fotografado e iluminado em preto-e-branco
e com notável trabalho de câmera, essa adaptação para a Itália contemporânea à
produção também possui notável direção de arte. Tudo isso atrelado a esmerada
interpretação do trio central (sobretudo de uma radiante Schell, convincente em
sua “ingenuidade”) consegue compor uma atmosfera perfeita para o admirável
melodrama romântico (bastante acentuado pelo tema musical de Rota) que o filme
é, apenas prejudicado por sua vinculação à obra do literato russo, que
certamente exigiria uma leitura em outro estilo. Ao seu modo, no entanto, o
estetismo do filme, uma das marcas registradas do realizador, menos atrapalha
que o deixa ainda mais tocante. E uma realidade crua e imperiosa surge até
mesmo nos momentos de maior fantasia do protagonista, como quando leva sua
amada de barco para um local freqüentado pelos pares românticos que observara
sob o ponto de vista solitário, e acabam se vendo em meio a um grupo de
miseráveis. Destaque para a esfuziante seqüência em uma boate em que se ouve
desde Bill Halley até música romântica italiana passando por Mulher Rendeira. Uma versão soviética do
romance foi realizada dois anos depois, dirigida por Ivan Pyryev e outra por
Bresson, em 1971, certamente mais afinada com o estilo seco e anti-sentimental
do escritor. Curiosamente, Schell viveria outra personagem de Dostoievski em
seu filme seguinte, uma adaptação de Os
Irmãos Karamazov, dirigida por Richard Brooks. Leão de Prata no Festival de
Veneza. Vides Cinematografica/Intermondia Films para Rank Organization. 107
minutos.
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