Filme do Dia: Reis e Rainha (2004), Arnaud Desplechin
Reis e Rainha (Rois et Reine, França, 2004). Direção: Arnaud Desplechin. Rot. Original: Arnaud Desplechin & Roger
Bohbot. Fotografia:
Eric Gautier. Música: Grégoire Hetzel.
Montagem: Laurence Briaud. Dir. de arte: Dan Bevan. Figurinos: Nathalie
Raoul. Com: Emmanuelle Devos, Matthieu Amalric, Maurice Garrel, Valentin Lelong,
Magali Woch, Catherine Deneuve, Marie-Françoise Gonzalez, Joachin Salinger.
Nora (Devos) lida
com a iminente morte do pai (Garrel), ao mesmo tempo em que se debate sobre
quem ficará com seu filho, Elias (Lelong), que se relaciona bem com seu ex-amante,
Ismaël (Amalric), atualmente internado involuntariamente em uma instituição
psiquiátrica, mas não com seu novo pretendente a marido, um rico homem de
negócios. Enquanto é atormentada pelo fantasma da morte do primeiro marido, que
assassinou, também acaba tomando a decisão diminuir o sofrimento do pai,
aplicando-lhe uma dose letal. Ismaël, por sua vez, livre do hospital, possui
uma péssima recepção de seu ex-colega músico, membro de um quinteto de cordas
do qual participara, decide buscar uma nova vida, demarcando seus sentimentos
para com a jovem Arielle (Woch) e com o pequeno Elias . Nora, por sua
vez, arranca as folhas do diário do pai, no qual ele demonstrava todo o seu
rancor para com ela, e as queima sem que ninguém tome conhecimento, no dia que
seu editor vem buscar os manuscritos.
Desplechin,
habitualmente obcecado por famílias emocionalmente desestruturadas, lidando com
a morte ou o estado terminal de um de
seus membros, tema igualmente de seu Um
Conto de Natal (2008),infelizmente não incorpora aqui tal estranhamento na
própria estrutura do filme, como fez no seu de longe mais interessante La Vie des Morts (1991), sua estréia
como realizador. Aqui observa-se em paralelo as histórias de Ismaël e Nora, até
que se entrelacem. Tudo com a habitual e aborrecida têmpera francesa para
diálogos que pretendem expressar os sentimentos de seus personagens, assim como
as pretensas “surpresas” que se adivinham sem muito esforço, como é o caso do
relato do pai que desqualifica a filha, a identificando consigo próprio e a
chamando de “monstro”. Por mais que o filme se foque nos dois personagens
principais, existe um excesso de personagens secundários, dentre os quais
muitos não fariam a menor falta caso fossem eliminados, como a psiquiatra
vivida por Deneuve, assim como cenas que bem poderiam ser limadas, que não
fariam qualquer falta a sua excessiva metragem, tais como a do assalto a loja
do pai de Ismaël, ao qual o pai consegue reverter a situação, e a tentativa de
inclusão de um primo órfão que mora com a família a bastante tempo, entre os
herdeiros. Sendo que no caso do assalto,
ele soa até destoante do corpo do filme. Tão banal quanto muitos de seus
diálogos é o uso abusivo das quase imperceptíveis jump cuts que o acompanham do início ao final e não menos
desnecessários ou pouco efetivos são os momentos nos quais faz com que a
personagem de Nora dialogue literalmente com o marido falecido, a partir do
estado de semi-consciência no qual se encontra, velando pelo pai enfermo. Why
Not Prod./France 2 Cinéma/Rhône-Alpes Cinéma para Bac Films. 150 minutos.
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