Filme do Dia: A Professora de Piano (2001), Michael Haneke
A Professora de Piano (La Pianiste,
França/Austria, 2001). Direção: Michael Haneke. Rot. Adaptado: Michael Haneke,
baseado no romance de Elfried Jalinek. Fotografia: Christian Berger. Montagem:
Nadine Muse & Monika Willi. Dir. de arte: Christoph Kanter. Cenografia:
Hans Wagner. Figurnos: Annette Beaufays. Com: Isabelle Huppert, Annie Girardot,
Benoît Magimel, Susanne Lothar, Udo Samel, Anna Sigalevitch, Cornelia Köndgen,
Thomas Weinhappel.
Erika (Huppert), professora de piano, é
filha de uma mãe (Girardot) extremamente possesiva e órfã de um pai demente,
não conseguindo se relacionar afetivamente. Extremamente ríspida com os alunos,
é objeto de paixão de um dos rapazes que torna-se seu aluno, Walter (Magimel).
Conseguindo prazer sexual apenas como voyeur em salas pornográficas e
situações escusas, Erika evita qualquer aproximação de Walter. Com o tempo, no
entanto, também torna-se curiosa quanto ao rapaz. Porém, só deseja que ele
realize suas bizarras fantasias. Percebendo que ele se aproxima de uma aluna
sua, coloca cacos de vidro no bolso de seu casaco. Walter fica chocado com a
carta que Erika lhe escreve e lê, em seu próprio quarto e a abandona. Erika,
afirmando-se “limpa”, volta a procura-lo e afirma que deseja amá-lo, mas ele
não consegue efetivar a relação sexual no ginásio onde pratica esportes. Um dia
entra em seu apartamento, tranca sua mãe e espanca a filha. Na mesma noite,
Erika agarra a mãe, com quem sempre dividira a cama, sendo interrompida pela
mesma. No dia que vai substituir a aluna que se ferira com o vidro, Érika se
fere com uma faca, próximo ao coração e abandona o teatro.
Filmado em Viena, ainda que falado em
francês, o filme tem entre seus maiores trunfos a interpretação magistral de
Huppert, que consegue dar plena realidade aos sentimentos mais recônditos de
sua personagem, com sutilezas que fogem das caricatas interpretações que
personagens semelhantes recebem no cinema norte-americano – um leve tremor no
rosto, o corpo inquieto e lágrimas que assomam aos olhos são os únicos tiques
que traem suas emoções e quase que exclusivamente através da audição de música.
Girardot, completamente diferente da bela e charmosa imagem celebrizada em
filmes tão distantes quanto Rocco e Seus Irmãos e Pret-a-Porter,
também realiza uma grande interpretação. Denso e perturbador, o filme, no
entanto, não deixa de se apoderar de um certo voyerismo sensacionalista de seu
tema, uma marca que prejudicou Violência Gratuita e que encontra-se
praticamente ausente de Código Interrompido. Embora ao descrever tipos
maníacos de classe média aproxime-se do universo de Chabrol (para quem Huppert,
inclusive, já vivenciara tipo semelhante em Mulheres Diabólicas), Haneke
expõe de perto, pelo menos nesse caso, as motivações psíquicas que levaram tais
personagens a agirem desse modo, enquanto Chabrol mantém seu interesse,
sobretudo, na mera descrição da ação de seus personagens. Grande Prêmio do Júri
e prêmios de interpretação masculina e feminina em Cannes. CNC/Euroimages/Canal
+/Les Films Alain Sarde/MK2/WFF/Wega Film/arte France Cinéma/ORF. 130 minutos.
Certamente prefiro os filmes mais "escandalosos" de Haneke como esse A Professora ao surpreendentemente contido Código Desconhecido. Mas o que achei interessante na sua análise é a menção a Chabrol, cujo único filme que vi até o momento foi Madame Bovary. Preciso ir atrás de seus outros filmes mais característicos.
ResponderExcluirCumps.
Meu filme favorito de Chabrol e também o primeiro que vi é um dos primeiros que ele realizou. Chama-se "Entre Amigas" no Brasil, ainda que prefira o seu título original "Les Bonnes Femmes".
ResponderExcluirabs
Vou tentar recomeçar por esse então!
Excluir