Filme do Dia: The Ghost of Slumber Mountain (1918), Willis H.O'Brien
The Ghost of Slumber Mountain (EUA, 1918). Direção:
Willis H.O’Brien. Rot. Original: Herbert M. Dawley & Willis H.O’Brien.
Fotografia: Willis H.O’Brien. Com: Herbert M. Dawley, Willis H.O’Brien.
Tio Jack (Dawley)
conta uma aventura para seus dois sobrinhos. Ele viajou com o cachorro da
família e seu empregado para uma montanha inóspita para praticar seus hábitos
de artista amador da pintura. Lá eles vão até a cabana de um velho ermitão,
conhecido como Mad Dick (H.O’Brien). Mad Dick foi observado uma vez pelo
empregado de Tio Jack com um estranho instrumento ótico. Tio Jack escuta uma
voz e vai até sua cabana. Lá descobre material de um estudioso da pré-historia e o estranho aparelho ótico de Mad Dick. Ele o leva consigo e encontra o
fantasma do mesmo. Com o aparelho ele consegue observar uma série de seres
pré-históricos que viveram há 40 milhões de anos. Quando ele se encontra na
batalha para sobreviver perante um tiranossauro, acorda. O final do conto decepciona
os sobrinhos.
Este curta chama a
atenção por motivos vários. Para além de ter sido aparentemente a primeira
produção a fazer menção a uma viagem no tempo e provavelmente o pioneiro na
técnica do stop motion para a
representação das bestas pré-históricas (técnica que, aliás, demonstra grande
habilidade e servirá como referência para o posterior e mais célebre King Kong, assim como O Mundo Perdido, de 1925), motivo pelo qual certamente
todo o filme se detém, apresenta uma moldura narrativa bem complexa para o
período. Além da narração ser uma história contada pelo protagonista (sendo as
crianças os evidentes duplos do espectador ideal esperado pela produção),
ocorre um deslocamento para o passado, que na verdade se resolve como sonho, ao
mesmo tempo conseguindo salvar sua estrutura realista do mundo imaginário
apresentado pelo sonho. Destaque para o momento em que Tio Jack sugere que seu
empregado pose nu como fauno para ele, pedido negado. E o que um pássaro dodo
abocanha uma cobra. As sequências de lutas, pioneiras de várias que se
seguiriam, acabam sendo bem mais modestas e, a seu modo, realistas do que as
efetivadas pelas produções anteriores, assim como a datação histórica do
período. Ou seja, não se embarca no mundo da fantasia de forma mais radical
como o faria King Kong. Por fim, a
insatisfação das crianças com o final bem poderia ser um comentário jocoso que
eventualmente duplicaria a do seu próprio espectador enquanto anti-clímax
abrupto. Dawley, que também realizou os efeitos especiais, era uma espécie da
faz-tudo e a este seu filme de estréia como
produtor-diretor-fotografo-roteirista e ator, seguiria-se curta carreira na
senda dos filmes fantásticos. World Film para
Cinema Distributing Corp. 16 minutos.
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