Filme do Dia: Garoto Propaganda (2004), Zak Tucker

Garoto Propaganda (Poster Boy, EUA, 2004). Direção: Zak Tucker. Rot. Original: Lecia Rosenthal & Ryan Shiraki. Fotografia: Luke Geissbuhler, Wolfgang Held & William Rexer. Música: Mark Garcia. Montagem: Trevor Ristow & Zak Tucker. Dir. de arte e Figurinos: Douglas Hall. Com: Matt Newton, Karen Allen, Michael Lerner, Jack Noseworthy, Valerie Geffner, Ian Reed Kesler, Austin Lysy, Amanda Kaplan.
Henry (Newton) é filho do senador republicano ultra-conservador Jack (Lerner). Henry vivencia um conflito, pois seu pai quer que ele seja o seu referencial para o público de sua faixa etária, enquanto ele vive uma vida homossexual não confessa. Quando o senador decide fazer um comício na universidade em que Henry estuda, esse acaba chocando a todos ao beijar um amante ocasional, Anthony (Noseworthy). Após o evento, a mulher de Jack, Eunice (Allen), decide abandonar o marido.
Narrado em forma de flashback para um jornalista, o filme acaba por se tornar uma atualização dos dramas inseridos em famílias patriarcais de Tennessee Williams, adaptados para o cinema, principalmente Gata em Teto de Zinco Quente (1958), de Richard Brooks. Porém, se o filme de Brooks foi prejudicado pela moralidade excessiva da época, com um final completamente inconvincente em que o protagonista “supera” seu drama homossexual e retorna aos braços da esposa, aqui tampouco o filme se liberta de uma grande dose de moralidade. Sem comentar as interpretações e diálogos sofríveis e absolutamente incompatíveis de serem comparados ao filme anterior, o que mais prejudica o filme é a empobrecida caracterização quase caricatural de seus personagens, completamente construídos em cima de tintas superficiais, monocromáticas e maniqueístas. Quando se compara o patriarca Jack com seu antecessor Big Daddy o último, mesmo não sendo um primor de complexidade, ainda era uma personagem bem mais nuançada e rica do que meramente o vilão egocêntrico encarnado em Jack. Aqui do início ao final fica bem delimitado quem está moralmente com a razão e quem não está e essa burocrática previsibilidade simplesmente apaga qualquer pretensa virtude e boas intenções do cineasta de desvelar a hipocrisia moral americana. Quanto a tentativas de releitura da moral familiar americana através da lente da família, uma incursão bem mais sucedida, inclusive fazendo alusão direta ao seu modelo, os melodramas de Douglas Sirk da década de 1950, é Longe do Paraíso (2002), de Todd Haynes. Shallow Pictures LLC. 98 minutos.


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