Filme do Dia: Trem Noturno (1959), Jerzy Kawalerowicz

Trem Noturno (Pociag, Polônia, 1959). Direção: Jerzy Kawalerowicz. Rot. Original: Jerzy Kawalerowicz & Jerzy Lutowksi. Fotografia: Jan Laskowski. Música: Andrezej Trzaskowski. Montagem: Wieslawa Otocka & Aurelia Rut. Dir. de arte: Ryszard Potocki. Figurinos: Michelle Zahorska. Com: Zbigniev Cybulski, Lucyna Winnicka, Leon Niemczyk, Teresa Szmigielówna, Ignacy Machowski, Zygmunt Zintel.
          Homem (Cybulski) embarca em um trem e passa a dividir sua cabine forçosamente com uma jovem que se recusa a sair. A jovem,  Marta (Wilamowski) passa por problemas afetivos. As tramas de uma viagem cotidiana para o litoral tornam-se diferenciadas quando Stachek, que divide a cabine com Marta, é acusado de ter matado a própria esposa, notícia que causara furor em alguns dos passageiros do trem. Marta, no entanto, que sente-se  emocionalmente envolvida por Stachek, consegue desviar a atenção dos guardas para um personagem fictício, que já teria abandonado o trem. O verdadeiro assassino foge após o trem ter parado bruscamente e logo é capturado. Tendo sua dignidade de volta, Stachek revela a Marta que sentia-se culpado pela morte de uma de suas pacientes. Ele afirma que sua mulher o espera na estação e nem chega a despedir-se de Marta.
         Essa produção compartilha com outras produções europeias do sopro renovador que os cinemas novos trouxeram. Como outros filmes poloneses e alemães de sua época, para não falar da Nouvelle Vague, possuem em comum a busca de um tom moderno tanto em estilo quanto em conteúdo. Seu estilo cool, tanto nos planos, ângulos, fotografia em tons frio, como na música e na busca de um maior espontaneísmo são característicos. Não só em termos formais, como também no aprofundamento psicológico dos personagens e no ritmo da narrativa, no entanto, fica a dever a algumas produções polonesas posteriores como Faca na Água (1962), de Polanski ou congêneres franceses como Ascensor para o Cadafalso (1959) de Malle, soando artificial, pretensioso e um tanto quanto vazio. A descrição das relações efêmeras, típicas de viagens, ainda que excessivas da forma como descritas na relação entre os dois protagonistas (e – supremo toque moderno – Stachek termina sem saber o nome de sua companheira de viagem) são um dos charmes do filme. O mesmo pode-se dizer dos travellings da janela do trem – em um deles, vemos um grupo em procissão perder-se na linha do horizonte, que selam seu caráter pretensioso, porém inócuo. Zespol Realizatorow Filmvych/Wytowornia Filmov Fabularnych. 101 minutos.

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