Filme do Dia: Bom Trabalho (1999), Claire Denis
Bom
Trabalho (Beau Travail, França,
1999). Direção: Claire Denis. Rot. Adaptado: Claire Denis & Jean-Pol
Fargeau, a partir do conto Billy Bud,
Sailor, de Herman Melville. Fotografia: Agnès Godard. Música: Charles Henri
de Pierrefeu & Eran Zur. Montagem:
Nelly Quetier. Dir. de arte: Arnaud de Moleron. Figurinos: Judy Shrewsbury. Com: Denis
Lavant, Michel Subor, Gregoire Colin, Richard Courcet, Nicolas Duvauchelle,
Adiatou Massudi, Mickael Ravovski, Dan Herzberg.
Na Legião Estrangeira, comandante considerado pelos colegas,
Galoup (Levant), abala-se com a chegada de um novo soldado, Sentain (Colin),
que não apenas é admirado por todos os companheiros, como cai nas graças do
superior de Galoup, Bruno Forestier (Subor), a quem Galoup admira intensamente
e deseja ser admirado. Progressivamente irritado com Sentain, Galoup toma uma
atitude radical que provocará um efeito devastador na vida de ambos.
Na conhecida forma elíptica tão ao gosto da cineasta, o
filme possui um forte suporte da narração over que faz às vezes das memórias de
seu protagonista. Tal como em Furyo,
a rivalidade trai um evidente componente homo-erótico nunca explicitado (a não
ser nos comentários de Galoup a si próprio, e ainda assim muito brevemente). A
subliminaridade do desejo entre os corpos jovens e masculinos advém igualmente
do conto que o inspirou. O filme se afasta completamente dos filmes que
tematizam a Legião Estrangeira já que, mesmo situado em um contexto histórico e
espacial não tão preciso, ocorre na contemporaneidade e não se filia ao gênero
aventuresco. Os rituais coletivos, impregnados de uma veia mística, num local
ao mesmo tempo ermo, inóspito e belo, chamam a atenção para uma proposta longe
de realista da realizadora. Nem as belas
imagens da habitual colaboradora Godard nem a forma algo epifânica com que tudo
é narrado, evocativo de uma literatura memorialista de viagens, ou mesmo as
interpretações afinadas, com a curiosa presença de Subor com um personagem do
mesmo nome de O Pequeno Soldado (filme
realizado com Jean-Luc Godard nos idos de 60) conseguem livrar o filme de certa
pretensão bem típica do cinema francês. Temas vinculados à África são
recorrentes na filmografia de Denis, ela própria nascida na África francesa. La
Sept-Arte/S.M. Films/Tanais Prod. para Pyramide Dist. 92 minutos.
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